Os britânicos elegeram nesta quinta-feira, 4, o Parlamento mais diverso da história do Reino Unido. Pela primeira vez, negros, asiáticos e outras minorias étnicas representarão 13% da Câmara dos Comuns, com 89 assentos, mesmo sem a divulgação dos resultados oficiais — um crescimento de 3% em comparação às últimas eleições parlamentares, realizadas em 2019, e maior percentual já registrado na Câmara Baixa, segundo o think tank British Future.
Há também um recorde de mulheres eleitas: 249 novas legisladoras, um aumento de 22 cadeiras. A representatividade racial, no entanto, ainda está aquém da diversidade da população britânica, composta de cerca de 18% de pessoas negras, asiáticas e demais minorias étnicas. Em perspectiva, a primeira deputada negra britânica, Diane Abbott (Partido Trabalhista), entrou na Câmara dos Comuns em 1987, mais de um século após sua fundação. Na época, havia apenas 47 parlamentares da ala feminina.
“A eleição de 2024 é um marco para a representação, com diversidade recorde em nosso Parlamento, mais próxima do que nunca da do eleitorado”, disse Sunder Katwala, diretor do British Future, à agência de notícias Reuters. “A ironia de que isso coincida com o fim do mandato de Rishi Sunak como o primeiro primeiro-ministro britânico asiático do Reino Unido apenas ressalta como a diversidade étnica se tornou uma nova norma entre os principais partidos políticos.”
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Sai Sunak, entra Starmer
O recente pleito pôs fim a 14 anos de governo do Partido Conservador, comandado pelo então primeiro-ministro Rishi Sunak, que apresentou renúncia nesta sexta-feira. No seu discurso final, Sunak relembrou “uma das coisas mais notáveis sobre o Reino Unido é quão banal é que duas gerações depois que meus avós chegaram aqui com pouco, eu pude me tornar primeiro-ministro”. Ele foi o primeiro britânico-indiano a liderar o país.
Apesar de perder o posto de premiê, Sunak conseguiu manter seu assento de deputado pelo distrito eleitoral de Richmond e Northallerton, no norte de Inglaterra. Em discurso do lado de fora da sede do governo, em Downing Street, pouco antes de seguir para encontro com o rei Charles III, o agora ex-premiê disse que os eleitores “enviaram um sinal claro de que o governo do Reino Unido precisa mudar, e o julgamento de vocês é o único que importa”.
O comando passará, então, para as mãos do líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer. A vitória foi triunfal: os trabalhistas conquistaram 412 assentos, bem mais do que os 326 necessários para governar com maioria absoluta, com base nas últimas atualizações. Dos parlamentares de minoria étnica eleitos, 66 pertencem ao partido do novo primeiro-ministro. Starmer, de 61 anos, assumiu o controle do partido em 2019 e é famoso por mudar de opinião conforme os interesses do momento (apelido: Camaleão).