O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, nesta terça-feira, 8, acusou a China de tentar interferir nas eleições do país e influenciar sua política.
De acordo com informações da rede de notícias canadense Global News, o serviço de inteligência canadense identificou uma “rede clandestina” de candidatos apoiados por Pequim em eleições recentes. Pelo menos 11 candidatos tiveram campanhas financiadas por chineses nas eleições federais de 2019, disseram autoridades a Trudeau.
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Segundo a mídia local, a operação, que teria sido orquestrada no consulado da China em Toronto, também infiltrou agentes nos escritórios de deputados canadenses na tentativa de “cooptar e corromper” funcionários do governo e ganhar influência nos círculos políticos canadenses.
Acredita-se que a tentativa de interferência tenha como alvo os dois principais partidos políticos do país: o Partido Liberal, do premiê, e o Partido Conservador, da oposição. No entanto, não está claro se a operação foi bem sucedida.
“Infelizmente, estamos vendo países, atores estatais de todo o mundo, seja a China ou outros, continuarem fazendo jogos agressivos com nossas instituições, com nossas democracias”, declarou Trudeau em uma coletiva de imprensa.
O primeiro-ministro acrescentou que o governo continuará tomando medidas para fortalecer a integridade dos processos eleitorais do país e lutando contra a interferência estrangeira na democracia de Toronto.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês disse que “não tem interesse” nos assuntos internos do Canadá.
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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, negou as acusações, alegando que a China não tem interesse em se intrometer nas eleições canadenses.
“O Canadá deve parar de fazer comentários que prejudiquem as relações com a China”, argumentou Zhao.
No mês passado, a Real Polícia Montada do Canadá disse que estava investigando relatos de que a Pequim teria instalado “delegacias de polícia” não oficiais em solo canadense.
A mesma atividade foi relatada em vários países europeus, incluindo a Irlanda e a Holanda, que ordenaram que a China fechasse os postos policiais.
A mídia holandesa encontrou evidências de que as chamadas estações de serviço no exterior, que prometem fornecer serviços diplomáticos, estavam sendo usadas para tentar silenciar dissidentes chineses na Europa.