Canadá desmonta ‘milícia antigoverno’ que planejava tomar terras com apoio do Exército
Quatro homens, incluindo dois militares da ativa, foram presos sob acusação de realizar 'ações concretas para facilitar atividades terroristas'

A Real Polícia Montada do Canadá (RCMP) informou nesta terça-feira, 8, que desmontou uma “milícia antigoverno” que planejava tomar território “à força” na cidade de Quebec. Quatro homens, incluindo dois membros do Exército canadenses, foram acusados de envolvimento no esquema.
Os policiais afirmaram que três dos suspeitos realizaram treinamento militar, exercícios de tiro e operações de reconhecimento na área de Quebec como parte do suposto plano. O grupo também teria armazenado dispositivos explosivos, dezenas de armas de fogo e milhares de cartuchos de munição, todos apreendidos pela RCMP.
Apoio de militares
Os quatro foram presos e devem comparecer ao tribunal da cidade de Quebec nesta terça. Eles foram identificados como Marc-Aurèle Chabot, de 24 anos, e Raphaël Lagacé, de 25, ambos de Quebec, Simon Angers-Audet, de 24 anos, de Neuville, e Matthew Forbes, de 33 anos, de Pont-Rouge. Os três primeiros foram acusados de realizar “ações concretas para facilitar atividades terroristas”, segundo comunicado de imprensa da RCMP. O último homem, também indiciado em relação ao complô, enfrenta denúncias de posse de armas de fogo (algumas delas proibidas no Canadá), bem como de explosivos.
As autoridades canadenses não confirmaram quais dos quatro suspeitos eram militares, mas as Forças Armadas confirmaram que dois de seus membros ativos estão entre os presos.
“As Forças Armadas canadenses estão levando essas alegações muito a sério e têm participado integralmente da investigação”, afirmou um comunicado.
Armados até os dentes
De acordo com a polícia, uma busca realizada em janeiro do ano passado no âmbito da investigação sobre a milícia levou à apreensão de dezesseis artefatos explosivos, 83 armas de fogo e acessórios, quase 11 mil cartuchos de munição e cerca de 130 carregadores. Óculos de visão noturna e equipamentos militares também foram encontrados na operação.
Embora a RCMP não tenha especificado as supostas motivações dos suspeitos, afirmou que o grupo pretendia “tomar posse à força de terras na área da cidade de Quebec”. A corporação acrescentou que um dos quatro criou uma conta no Instagram “com o objetivo de recrutar novos membros para a milícia antigoverno”.
As prisões ocorrem em meio à pressão sobre as Forças Armadas canadenses para combater o extremismo dentro de suas próprias fileiras. Um relatório de 2022 do painel consultivo do Exército sobre racismo e discriminação sistêmicos constatou que o número de militares com vínculos com grupos extremistas estava aumentando.