Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

‘Capitão sem bússola’: a repercussão mundial do apagão de dados no Brasil

A mudança na contagem de mortes e a retirada do ar do portal sobre a doença renderam duras críticas a Bolsonaro mundo afora

Por Da Redação
Atualizado em 8 jun 2020, 15h02 - Publicado em 8 jun 2020, 13h39

O apagão de dados da pandemia de coronavírus no Brasil, promovida pelo governo brasileiro no último fim de semana, ganhou manchetes negativas – de novo – na imprensa internacional. O presidente Jair Bolsonaro foi chamado de “capitão sem bússola no meio da tempestade” e foi acusado de “invisibilizar as mortes” no país.

Na noite de quinta-fera 4, o governo brasileiro retirou do ar o site oficial de dados consolidados da Covid-19 no Brasil. Após 19 horas, o portal voltou ao ar, mas com informações limitadas, apresentando apenas os números das últimas 24 horas e dando destaque para o número de pessoas curadas. Sem dados claros, o Brasil deixou de aparecer por algumas horas no mapeamento da Johns Hopkings University, que compila os números da doença em todos os países que reportaram casos.

ASSINE VEJA

‘Capitão sem bússola’: a repercussão mundial do apagão de dados no Brasil
Os riscos da escalada de tensão política para a democracia Leia nesta edição: como a crise fragiliza as instituições, os exemplos dos países que começam a sair do isolamento e a batalha judicial da família Weintraub ()
Clique e Assine

“O governo é acusado de totalitarismo e censura”, diz o jornal britânico The Guardian. “Funcionários do ministério da Saúde disseram à mídia local que o movimento foi ordenado pelo próprio presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro – e que foi recebido com indignação generalizada no Brasil, um dos países mais atingidos pela Covid-19, com mais mortes que a Itália e mais casos que a Rússia e o Reino Unido”.

O jornal americano The Washington Post lembrou que Bolsonaro não se dá bem com números de seu próprio governo. “O desacordo sobre dados entra em um padrão abrangente de Bolsonaro. O direitista populista, e um árduo defensor do desenvolvimento comercial na Floresta Amazônica, alegou no ano passado que as agências de monitoramento de desflorestamento ‘às vezes mentem’ e que seus dados eram ‘exagerados’. Então, ele demitiu o chefe da agência que monitora o desmatamento”, escreveu, em referência a Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Continua após a publicidade

“Cientistas dizem que temem que a gestão de Bolsonaro esteja se movendo para esconder dados que eles não gostam, politizando o que deveria ser um registro objetivo, com vidas humanas no balanço”, informa o Post que cita o professor adjunto de Saúde Pública da Universidade de brasília (UnB), Mauro Sanchez.

Apontado para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, o empresário Carlos Wizard, afirmou ao jornal O Globo que seria realizada uma recontagem nos números da doença e que os governadores e prefeitos divulgaram números “fantasiosos ou manipulados” para a imprensa com o objetivo de adquirirem mais recursos federais. Pouco tempo depois, desistiu de assumir o cargo.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) repudiou a alegação de Wizard. “A tentativa autoritária, insensível, desumana e antiética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19, não prosperará (…) Wizard menospreza  a inteligência de todos os brasileiros, que num momento de tanto sofrimento e dor, veem seus entes queridos mortos tratados como ‘mercadoria’. Sua declaração grosseira, falaciosa, desprovida de qualquer senso ético, de humanidade e de respeito, merece nosso profundo desprezo, repúdio e asco. Não somos mercadores da morte”.

Continua após a publicidade

Na Itália, um dos primeiros países a entrar em colapso no sistema de saúde por causa do vírus, o jornal Corriere della Serra, afirma logo no primeiro parágrafo: “O Brasil, o segundo país mais afetado pela Covid-19, obscurece o site do Ministério da Saúde”.

O jornal francês Le Figaro disse que Bolsonaro “é um capitão sem bússola” e que em meses de crise na qual mais de 37.000 pessoas perderam suas vidas, o presidente sequer visitou um hospital, nunca dirigiu palavras de reconforto aos profissionais da saúde ou demonstrou empatia pelas famílias em luto.

Nos vizinhos sul-americanos, a imprensa retratou em seus títulos a tentativa de Bolsonaro de dar invisibilidade ao números de mortos. “A crença do governo em que os números estão superestimados vai na contramão do que sanitaristas e o próprio Ministério da Saúde em gestões anteriores afirmavam”, disse o argentino La NacionNo chileno La Tercera, é destacado como a Covid-19 se transformou de uma emergência sanitária para uma crise política e na polarização da sociedade em torno da resposta à pandemia.

Continua após a publicidade

Não é a primeira vez que Bolsonaro ganha as manchetes da imprensa internacional. Sua imagem foi destaque em dezenas de editorias dos mais diversos veículos midiáticos do mundo, quase sempre de forma negativa. A britânica The Economist, voltada principalmente para os mercados, já afirmou que o isolamento de Bolsonaro pode ser “começo do seu fim” e o Guardian decretou que o presidente é o maior risco para os brasileiros.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.