O primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, xeique Mohammed bin Abdul Rahman, afirmou nesta terça-feira, 6, que recebeu uma resposta positiva do grupo militante palestino Hamas sobre um possível acordo para a libertação de reféns israelenses em Gaza. Em troca, as forças israelenses dariam uma pausa nos combates e aceitariam um cessar-fogo. A informação foi revelada pelo premiê durante uma conferência de imprensa junto com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.
“Recebemos uma resposta do Hamas relativa ao quadro geral do acordo sobre reféns. A resposta inclui alguns comentários, mas em geral é positiva”, adiantou.
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Blinken disse que Washington também está analisando a resposta do Hamas e que discutiria o assunto com autoridades israelenses quando visitar o país, na quarta-feira.
“Ainda há muito trabalho a fazer. Mas continuamos pensando que um acordo é possível, e inclusive essencial, e vamos continuar trabalhando sem descanso para alcançá-lo”, disse. “Isto claramente seria benéfico para todo mundo e penso que oferece o melhor caminho a seguir”.
No entanto, o presidente dos EUA, Joe Biden, embora reconhecendo “algum movimento” num acordo, descreveu a resposta do Hamas como “um pouco exagerada”, sem dar mais detalhes.
“Não temos certeza de onde está. As negociações continuam neste momento”, disse ele em Washington.
Em declaração, o Hamas disse ter “lidado com a proposta com um espírito positivo, assegurando um cessar-fogo abrangente e completo, pondo fim à agressão contra o nosso povo, garantindo ajuda, abrigo e reconstrução, suspendendo o cerco à Faixa de Gaza e alcançando uma troca de prisioneiros”.
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Um funcionário do Hamas que pediu para não ser identificado reiterou à Reuters na terça-feira que o movimento islâmico palestino não permitiria a libertação de reféns sem garantias de que a guerra iria e as forças israelenses deixariam Gaza.
Apesar dos avanços, uma avaliação interna conduzida por militares israelenses e revisada pelo jornal americano The New York Times indica que mais de um quinto dos reféns israelenses detidos em Gaza estão mortos. Segundo os oficiais da inteligência israelense, ao menos 32 dos 136 reféns capturados em 7 de outubro morreram desde o início dos confrontos. As famílias desses 32 reféns, cujas mortes foram confirmadas, foram informadas, segundo quatro militares que falaram anonimamente ao NYT.
O último e único cessar-fogo, realizado entre novembro e dezembro do ano passado, durou uma semana e possibilitou a libertação de 105 reféns do Hamas, além de 240 palestinos que estavam presos em Israel. Com a eclosão do confronto, Tel Aviv colocou mais de 2.800 palestinos em detenção administrativa, mas sem prestar acusações formais.
Apenas nas últimas 24 horas, 128 pessoas foram mortas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelos militantes. Ao todo, foram registradas mais de 27.000 mortes na região desde o início da guerra, em 7 de outubro. Cerca de 1.200 israelenses foram mortos durante o ataque daquele sábado, que fez eclodir o conflito.