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Celso Amorim diz esperar que ‘todos os candidatos’ respeitem resultados na Venezuela

Enviado especial para assuntos internacionais comemora alta participação e diz que presidente Lula tem sido informado sobre eleição no país vizinho

Por Amanda Péchy
28 jul 2024, 22h12

Celso Amorim, a assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, comemorou neste domingo, 28, a alta participação na eleição da Venezuela, país onde o voto é facultativo, e disse esperar que “todos os candidatos” respeitem o resultado do pleito, em meio a temores de que o regime de Nicolás Maduro use alguma manobra para manipular os votos em caso de sua derrota.

Amorim, conhecido por dialogar tanto com o governo quanto com a oposição venezuelana, foi enviado a Caracas pelo Planalto para monitorar a eleição presidencial, depois que o TSE desistiu de enviar técnicos em razão de acusações do presidente bolivariano contra a legitimidade das urnas brasileiras.

“Estou acompanhando de perto o processo eleitoral venezuelano. Ainda há mesas de votação abertas. É motivo de satisfação que a jornada tenha transcorrido com tranquilidade, sem incidentes de monta. Houve participação expressiva do eleitorado”, disse o assessor especial em nota. “Estou em contato com diferentes forças políticas e analistas eleitorais, além de membros da equipe de observadores do Centro Carter e do Painel de Especialistas da ONU”, acrescentou.

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Amorim está em Caracas desde sexta-feira 26 para observar o pleito. Segundo ele, o presidente Lula tem sido informado sobre a disputa no país vizinho.

“O presidente Lula vem sendo informado ao longo do dia. Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que sejam respeitados por todos os candidatos”, complementou.

Amorim e equipe devem permanecer na capital venezuelana, pelo menos, até a tarde de segunda-feira, 29.

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Denúncias da oposição

A Plataforma Democrática Unitária, coalizão liderada pelos oposicionistas María Corina Machado e Edmundo González Urrutia que desafiou o regime de Maduro nas eleições, acusou o governo de impedir o acesso de fiscais eleitorais às instalações do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, para a contagem dos votos a nível nacional, e às seções eleitorais, para realizar a auditoria cidadã organizada pela oposição para evitar quaisquer manobras para manipular os resultados.

A coalizão informou no X, antigo Twitter, que suas testemunhas – como são chamados os fiscais eleitorais de cada partido – ainda aguardam acesso à sala do CNE. Segundo a Plataforma Democrática Unitária, as três testemunhas – Delsa Solórzano, Juan Caldera e Perkins Rocha – foram credenciadas pelo órgão eleitoral na última quinta-feira 25. A presença dessas figuras é considerada essencial para a transparência dos resultados e está consagrada na lei eleitoral.

Solórzano, principal testemunha perante o CNE em nome da campanha de González, já havia afirmado em entrevista ao portal de notícias argentino Infobae que a oposição traçou um plano para evitar que o regime manipule, por meio da intimidação, os resultados eleitorais.

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A estratégia inclui três pontos principais: auditoria cidadã, com um papel ativo dos eleitores na supervisão da contagem de votos, a permanência da população nas zonas eleitorais durante a contagem, e a proteção aos mesários e testemunhas de mesa (os fiscais eleitorais de cada partido que ficam nos centros de votação).

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Ao votar, Maduro sugeriu que não reconheceria nenhuma contagem paralela organizada pelos cidadãos, e que seguiria apenas o Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo.

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Seções eleitorais

Além disso, a oposição venezuelana denunciou que os militares do regime de Maduro se recusaram a fechar alguns centros de votação e que impediram a entrada de testemunhas para realizar a auditoria cidadã dos votos, que está prevista pela lei. A informação foi divulgada pelo correspondente do portal de notícias argentino Infobae na Venezuela.

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Um dos casos ocorreu na Escola San José de Tarbes, em El Paraíso, bairro a oeste de Caracas, onde há mais apoio ao chavismo. A oposição exigiu que os fiscais sejam admitidos para que nenhum novo voto seja adicionado às urnas – como teria acontecido nas eleições passadas, segundo rivais de Maduro. Após reclamações dos cidadãos, os militares finalmente fecharam as urnas, sem ainda permitir que as testemunhas entrassem no colégio para supervisionar o processo.

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Muitos venezuelanos permanecem em frente aos centros eleitorais cantando o hino nacional e protestando em Caracas. “Queremos contar, queremos contar”, gritavam, segundo o jornal espanhol El País, em referência ao processo de auditoria que os cidadãos podem participar por lei. O chavismo, durante anos, aplicou a chamada “operación remate” (ou operação de leilão, em português), ao fim da votação, que consiste na distribuição de sacolas de alimentos, gasolina e outros benefícios para atrair os eleitores aos centros de votação.

Comentando que estava satisfeita com a expectativa de bons resultados nas eleições, María Corina ressaltou que as próximas horas seriam “cruciais” para assegurar a lisura do processo democrático e convocou os eleitores a fiscalizarem a contagem de votos nas seções eleitorais.

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