Dois dias após chamar o presidente chinês de “ditador”, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira, 22, que seu comentário sobre o governo de Xi Jinping não teria ferido as relações entre os países. Na ocasião, o democrata relembrou a derrubada do suposto balão espião chinês pela Força Aérea americana, em fevereiro deste ano, garantindo que Xi certamente teria ficado “envergonhado” com a inteligência dos EUA.
“A razão pela qual Xi Jinping ficou muito chateado, em termos de quando eu derrubei aquele balão cheio de equipamento de espionagem, é que ele não sabia que [o balão] estava lá”, disse em um evento de arrecadação de fundos.
Em seguida, Biden destacou que a falta de conhecimento sobre os acontecimentos é uma “grande vergonha para ditadores”. O balão, que teria a função de monitorar condições meteorológicas, segundo Pequim, cruzou o território continental dos Estados Unidos, sendo posteriormente destruído por aeronaves americanas. Uma investigação de Washington concluiu, então, que o objeto faria parte das tentativas de espionagem chinesa.
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No dia anterior ao comentário do presidente dos EUA, Antony Blinken, o secretário de Estado americano, encontrou Xi Jinping durante uma viagem a Pequim. Blinken, que havia cancelado a visita ao país depois da eliminação do balão, reforçou na ocasião que o incidente deve ser deixado no passado, abrindo um novo capítulo para as conturbadas relações sino-americanas.
Biden, no entanto, parece não ter recebido o recado do secretário. Em resposta aos repórteres na Casa Branca, ele afirmou que evitar dizer o que pensa sobre o governo da China “não é algo que eu vá mudar muito”, reforçando o posicionamento anterior. Apesar da polêmica, o democrata afirmou que seus comentários não tiveram “nenhuma consequência real”.
As falas recentes do líder americano não foram bem recebidas em Pequim. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, classificou os comentários como “extremamente absurdos” e “irresponsáveis”. Ele destacou, ainda, que o episódio violava diretamente o protocolo diplomático e a dignidade política país.
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“O presidente acredita que a diplomacia é uma maneira responsável de administrar as tensões, esclarecer percepções errôneas, evitar erros de cálculo, e tudo isso é do nosso interesse”, defendeu Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. “Isso não significa, é claro, que não seremos diretos e francos sobre nossas diferenças.”