O secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, revelou nesta terça-feira, 9, preocupações que Israel tenha violado leis internacionais em seus ataques à Faixa de Gaza.
Em coletiva, ele foi questionado se Tel Aviv poderia ser alvo do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, corte que julga crimes de guerra e contra a humanidade. Em surpreendente resposta, o chanceler britânico disse que a situação no enclave palestino era “próxima disso”.
“Estou preocupado que Israel tenha tomado medidas que possam violar o direito internacional, porque esta instalação em particular foi bombardeada, ou algo assim? Sim, claro”, afirmou.
Desde a eclosão da guerra, em 7 de outubro, o governo britânico apoiou o direito de autodefesa de Israel para “pôr fim à violência” do grupo terrorista palestino Hamas. Ao mesmo tempo, apelou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para que fossem criados corredores humanitários “o mais rápido possível”, de forma que cidadãos do Reino Unido presos na zona de guerra conseguissem deixar Gaza.
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Conselho dos advogados
Embora tenha expressado dúvidas, Cameron não informou se havia recebido pareceres jurídico que apontassem para excessos de Israel, comprovando a quebra das normas internacionais. Ele, contudo, disse que incidentes pontuais levantaram um “ponto de interrogação” sobre violações e que seus advogados, em breve, o aconselhariam sobre o assunto.
“O conselho tem sido até agora que eles [Israel] têm o compromisso, a capacidade de cumprimento [do direito internacional], mas em muitas ocasiões isso está em questão”, acrescentou.
Os Estados Unidos, que estenderam apoio “sólido e inabalável” a Netanyahu, também têm subido o tom com o aliado. Em dezembro, o secretário de Defesa americano, Llyod Austin, visitou Tel Aviv dias após de ter elencado uma série de críticas à conduta israelense e o consequente aumento das baixas civis na Faixa de Gaza.
O recado foi reforçado nesta terça-feira pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que “enfatizou a importância de evitar mais danos civis e proteger a infraestrutura civil” no enclave palestino, bem como a “importância de aumentar o nível de assistência humanitária que chega aos civis em Gaza”, durante visita a Israel. Até o momento, mais de 22 mil palestinos foram mortos, segundo o Hamas.