O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, desembarcou na China nesta quarta-feira, 30, para uma reunião que irá discutir, como tópico prioritário, a questão política no Afeganistão. Esta é a primeira visita do chanceler ao país desde o início da invasão da Rússia na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Também são esperados para o encontro o ministro chinês Wang Yi, o chefe da diplomacia do regime talibã de Cabul, Amir Khan Muttaqi, e representantes de outros países que têm fronteira com o Afeganistão. O país islâmico está sob poder do grupo fundamentalista desde agosto do ano passado.
+ Nos bastidores da guerra, China move peças para se fortalecer contra EUA
O encontro multinacional terá duração de dois dias e envolverá discussões sobre um “mecanismo de consulta” a respeito do Afeganistão, com a participação de diplomatas da China, Rússia, e Paquistão, assim como dos Estados Unidos, informou Pequim.
A China não reconhece o governo talibã, mas se absteve das duras críticas feitas pelos Estados Unidos sobre a ascensão do regime extremista. Pequim manteve sua embaixada em Cabul aberta e também não comentou sobre a medida do Talibã de limitar a educação de meninas e outros abusos de direitos humanos.
Diferentemente de EUA e União Europeia, que anunciaram duras sanções contra a Rússia, a China já expressou descontentamento com as represálias econômicas. Em reunião com líderes europeus no mês passado, o presidente Xi Jinping instou avanços diplomáticos e alertou que sanções contra Moscou afetarão as finanças globais, a energia, o transporte e a estabilidade das cadeias de suprimentos e amortecerão a economia global que já está devastada pela pandemia.
Desde o início da guerra entre Moscou e Kiev, autoridades chinesas vêm se mostrando consistentemente alinhadas com a Rússia. A China disse “lamentar” as mortes na Ucrânia e definiu a situação atual como “indesejável”, mas não reconheceu a ação russa como invasão. Ao invés disso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou que o conflito tem uma “história e realidade complicados” e que apoia “todos os esforços diplomáticos”.
Em entrevista coletiva nesta semana, Wenbin disse que Estados Unidos e Otan devem dialogar com a Rússia para desfazer o nó da crise ucraniana. Ele acrescentou que, para resolver a crise, os chefes de Estado precisam “estar calmos e ser racionais, sem jogar lenha na fogueira”.
Em recente reunião da Otan, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e vários de seus aliados cobraram um posicionamento mais firme da China. Líderes da aliança militar ocidental enfatizaram que a China precisa “cumprir sua responsabilidade” como membro da comunidade internacional e pedir um fim pacífico ao conflito na Ucrânia.