Chefe de segurança de Israel condena ‘terrorismo’ de colonos israelenses
Ronen Bar descreve a situação como "fora de controle" e uma "ameaça à segurança nacional"
O chefe da Shin Bet, a agência de segurança de Israel, Ronen Bar, alertou os líderes do país sobre os perigos apresentados por colonos israelenses na Cisjordânia. Em carta divulgada pelo canal Channel 12 News na última quinta-feira, 22, Bar destacou a ameaça dos extremistas conhecidos como “jovens do topo da colina” — militantes que têm conduzido uma série de assassinatos e outros atos violentos. Ele afirmou que a situação está “fora de controle” e representa uma “ameaça grave à segurança nacional”.
O alerta foi endereçado ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao procurador-geral e aos membros do gabinete israelense, incluindo alguns que são apoiadores declarados dos colonos extremistas responsáveis por assassinatos, incêndios criminosos e atos de intimidação contra palestinos na Cisjordânia. Na carta, Bar enfatizou a crescente desconexão entre a ala de extrema direita da coalizão de Netanyahu e o aparato de segurança de Israel.
Bar descreveu o comportamento dos extremistas como “terrorismo”, argumentando que o uso da violência para criar intimidação e espalhar medo é uma forma de terror. Ele considerou a situação como “uma grande mancha no judaísmo e em todos nós”.
A carta gerou uma reação imediata do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que exigiu a demissão de Bar, levando a uma repreensão do ministro da Defesa, Yoav Gallant, nesta sexta-feira, 23.
O chefe de segurança, que ocupa o cargo desde 2021, ressaltou que escreveu a carta “com dor e grande medo”, tanto como judeu quanto como israelense e autoridade de segurança. Ele alertou para o crescente fenômeno do terrorismo judaico dos “jovens do topo da colina”, que, segundo ele, está se aproximando de um ponto crítico.
A publicação da carta se dá poucos dias depois de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, país que mais apoia Israel no cenário internacional, pressionar Netanyahu sobre a urgência de selar um acordo de cessar-fogo em Gaza durante telefonema. Na conversa entre os líderes, o chefe da Casa Branca afirmou que Netanyahu deveria se esforçar “para remover quaisquer obstáculos restantes” a um pacto de trégua.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se encontrou com representantes do Egito e do Catar, principais mediadores do conflito ao lado dos americanos, na terça-feira. Apesar disso, tanto Hamas quanto Israel parecem estar jogando água fria em qualquer perspectiva de uma pausa nos combates.
“Israel insistirá na realização de todos os seus objetivos para a guerra, como foram definidos pelo gabinete de segurança, incluindo que Gaza nunca mais constitua uma ameaça à segurança de Israel”, disse o gabinete de Netanyahu em comunicado. O texto também afirmou que o país não vai retirar soldados do Corredor de Filadélfia, a fronteira entre Gaza e o Egito, um grande ponto de discórdia para selar o acordo.
Em paralelo, uma declaração do Hamas informou que seus oficiais, que se encontraram com o chefe da facção aliada Jihad Islâmica Palestina, para tratar das negociações, reiteraram suas principais demandas. Entre elas estão o fim da operação israelense em Gaza, uma retirada completa das forças do país e um acordo para trocar reféns detidos no enclave por palestinos presos em Israel.