As instalações a gás do apartamento onde seis brasileiros foram encontrados mortos na última quarta-feira 22 em Santiago, no Chile, foram consideradas perigosas ao final de uma inspeção realizada pelos órgãos locais em 2003.
Segundo as primeiras informações, a causa da morte da família de catarinenses foi um vazamento de gás no local. A polícia chilena, contudo, ainda investiga a causa do escape.
O superintendente de Eletricidade e Combustíveis (SEC) da cidade, Luís Ávila, afirmou ao jornal El Mercúrio que a revisão mais recente no apartamento foi feita em 2003 e resultou em um selo vermelho, o que significa que as instalações eram perigosas e deveriam passar por manutenção com urgência.
Segundo a superintendência, a revisão das condições de segurança dos aparelhos a gás deve ser realizada a cada dois anos. Após a checagem, os aparatos recebem selos de cor verde, amarela ou vermelha, de acordo com o perigo representado pela instalação. Isso não aconteceu depois de 2003 naquele apartamento.
O órgão, contudo, admite não ter registros da inspeção realizada no apartamento, localizado no bairro de Bellas Artes, no centro de Santiago. O local estava equipado com um fogareiro ligado a um cilindro de gás de onze quilos, um aquecedor portátil conectado a um botijão de gás liquefeito de sete quilos e um sistema de calefação que estava ligado à rede da Metrogas, que distribui gás natural na cidade.
“Um desses artefatos tinha níveis de emissão de monóxido de carbono que tornaram a situação de alto risco”, afirmou o superintendente ao jornal local El Diario de Cooperativa. Ávila explicou que devido a velocidade e o tempo de exposição da família ao gás, provavelmente o sistema de calefação foi o responsável pelas mortes.
“No caso particular do apartamento, existe, individualmente, um selo que mostra que houve um processo de certificação por uma agência da SEC”, afirmou o superintendente. Segundo ele, o selo vermelho data de cerca de 15 anos e “não foi devidamente informado à superintendência”.
Ávila também afirmou que o edifício como um todo não possuí nenhuma certificação. Segundo ele, o prédio foi construído antes da adoção da normativa que exige as inspeções. “Embora não tenha essa certificação inicial em sua construção, seus administradores (…) responsáveis pelas instalações de gás dos bens comuns (…) deveriam ter realizado o que chamamos de inspeção periódica”.
A família de brasileiros alugou o apartamento por meio do site de locações Airbnb. A viagem a Santiago foi organizada como uma comemoração pelo aniversário de 15 anos de Karoliny Nascimento de Souza.
Além da menina, estavam no apartamento sua mãe Débora Muniz, 38 anos; seu pai Fabiano de Souza, 41 anos; e seu irmão, Felipe Ailton Nascimento de Souza, 13 anos. O tio de Karoliny e irmão de Débora, Jonathas Muniz, 30 anos, e sua esposa Adriane Padilha Krueger, 27 anos, também morreram.
Em nota, o site de locação de apartamentos afirmou que estar “profundamente consternado com o trágico acidente”. A assessoria de imprensa do Airbnb disse a VEJA que a empresa arcará com os custos do translado dos corpos ao Brasil.
“O Airbnb está em contato com a família das vítimas para oferecer as mais sinceras condolências e toda a assistência necessária, incluindo todas as suas necessidades de viagem. A empresa está em contato com as autoridades chilenas e trabalhando para auxiliar na investigação. Também está em contato com o governo brasileiro para apoiar na assistência à família”, afirmou a empresa em nota.
O site não inspeciona diretamente os apartamentos e casas cadastrados pelos locatários em sua plataforma, mas afirma que é responsabilidade dos proprietários zelar pela manutenção do espaço e seguir as regras locais. A plataforma fornece detectores de fumaça e de monóxido de carbono aos proprietários de imóveis que desejem instalá-los. Em seu portal, há indicação da presenta desses dispositivos no anúncio de cada imóvel.