O Ministério do Comércio da China criticou nesta quinta-feira, 14, como “ato protecionista” a decisão da Comissão Europeia em abrir uma investigação a respeito do apoio de Pequim a fabricantes de veículos elétricos. O anúncio foi realizado na terça-feira pela presidente da instituição, Ursula von der Leyen, em um contexto de aumento da importação de carros e de receios sobre o futuro das montadoras na Europa.
“[A investigação] é um ato protecionista flagrante que perturbará e distorcerá seriamente a indústria automotiva global e a cadeia de fornecimento, incluindo a UE, e terá um impacto negativo nas relações econômicas e comerciais China-UE”, alertou a pasta, em declaração.
Von der Leyen acusou o governo chinês de tomar o mercado global com carros elétricos e de manter os preços baixos artificialmente através dos investimentos estatais. A Europa estabelece um imposto de 10% sobre os veículos chineses, contra os 27,5% sobre os americanos. Empresas chinesas aproveitaram a disparidade nas cobranças para se firmarem nos mercados.
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A investigação da Comissão Europeia poderá levar à imposição de tarifas sobre as importações chinesas de veículos elétricos (VEs), e o anúncio de von der Leyen abalou as ações das maiores empresas de VE da China cotadas emem Hong Kong. Logo após o anúncio, a BYD, maior produtora de veículos elétricos da China, fechou em queda de 2,8%, enquanto Xpeng caiu 2,5% e Nio, 0,9%.
“A China prestará muita atenção às tendências protecionistas da UE e às ações de acompanhamento, e salvaguardará firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, acrescentou o Ministério do Comércio do país.
A França pede há meses essa investigação, parte de uma campanha de anos do presidente Emmanuel Macron para que a UE seja mais dura no comércio e insista em condições de concorrência equitativas. A Alemanha, principal economia da Europa e detentora de marcas como Volkswagen, Audi, BMW e Mercedes, soma-se aos Estados favoráveis ao inquérito, como anunciado pelo ministro da Economia do país, Robert Habeck. Apesar do sinal verde alemão para von der Leyen, espera-se que as consequências a Pequim não sejam exagerados.
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“As distorções chinesas da concorrência são um problema específico que a Europa deveria enfrentar, mas, se possível, não com subsídios excessivos ou novas tarifas punitivas no final de um longo processo”, argumentou Volker Treier, chefe de comércio da Câmara Alemã de Comércio e Indústria (DIHK).
A investigação antissubsídios da Comissão Europeia ocorre em meio a crescentes tensões diplomáticas entre União Europeia (UE) e China, derivadas da guerra na Ucrânia. O fortalecimento de vínculos entre Pequim e Moscou, apesar da invasão russa ao território ucraniano, não é visto com bons olhos pelos europeus, que são majoritariamente aliados do governo de Volodymyr Zelensky. A UE planeja, ainda, reduzir a dependência chinesa, segunda maior economia do mundo.