A China acusou os manifestantes que invadiram e vandalizaram o Parlamento de Hong Kong nesta segunda-feira 1 de cometer ações ilegais que “tripudiam o Estado de Direito”. Pequim exigiu ainda a investigação sobre a “responsabilidade criminal dos infratores violentos”.
Em um comunicado divulgado nesta terça-feira, 2, pela agência de notícias estatal Xinhua, o escritório do governo chinês em Hong Kong afirmou estar “indignado” com as ações violentas registradas durante os protestos da véspera, que são “totalmente intoleráveis”.
Um grupo de ativistas ocupou na segunda o prédio do Poder Legislativo. Os manifestantes vandalizaram o emblema de Hong Kong, hastearam a bandeira da antiga colônia britânica, picharam as paredes e quebraram móveis.
Após algumas horas, a polícia usou gás lacrimogênio para dispersar os protestos. Armados e protegidos com capacetes, os policiais também avançaram, batendo os escudos no chão, contra os manifestantes defendidos por barricadas nas proximidades do Parlamento.
Os protestos de 1º de julho marcaram o 22º aniversário do retorno da cidade à China, depois do domínio britânico. Parte da população de Hong Kong se opõe ao domínio de Pequim e, a cada ano, reitera sua oposição.
O governo chinês nega interferência, mas para muitos moradores de Hong Kong o projeto de lei que facilita a extradição para Pequim e que foi apresentado em fevereiro pelo governo local é o passo mais recente de uma marcha implacável rumo ao controle chinês.
“Violando seriamente a lei, o ato tripudia o Estado de Direito em Hong Kong, mina a ordem social e os interesses fundamentais de Hong Kong e é um desafio patente à essência do ‘um país, dois sistemas'”, disse o porta-voz do escritório chinês de assuntos de Hong Kong, segundo a agência de notícias Xinhua. “Repudiamos fortemente este ato”.
A China lamentou ainda a “interferência flagrante” nos assuntos internos de Hong Kong do presidente americano, Donald Trump, que disse que os manifestantes que invadiram o parlamento querem “democracia”.
Em uma mensagem forte, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, assegurou que os Estados Unidos não devem “apoiar de forma alguma aqueles que recorrem à violência e violam a lei”.
Trump afirmou que os manifestantes “buscam a democracia” e “a maioria das pessoas quer democracia” em Hong Kong. “Infelizmente, alguns governos não querem democracia”, acrescentou.
Destroços como guarda-chuvas, capacetes e garrafas de água foram alguns dos poucos sinais restantes do caos que tomou partes da cidade na segunda-feira e de madrugada.
A polícia liberou ruas próximas do coração do centro financeiro, abrindo caminho para que os negócios voltassem ao normal. Mas escritórios do governo em que os manifestantes destruíram computadores e picharam “anti-extradição” e insultos contra a polícia e o governo nas paredes ficaram fechados.
Os protestos em Hong Kong começaram como atos contra a lei de extradição, defendida pela chefe do legislativo local, Carrie Lam. Mesmo após a decisão de Lam de suspender por tempo indefinido a votação do projeto, as manifestações continuaram. A população pede agora a renúncia de Lam e o fim da influência chinesa em Hong Kong.
(Com AFP e Reuters)