Um editorial publicado pelo jornal estatal China Daily nesta semana alerta o Brasil para os riscos econômicos de o presidente eleito Jair Bolsonaro seguir a política econômica do americano Donald Trump e romper acordos comerciais com Pequim.
O editorial, que chama Bolsonaro de “Trump Tropical”, afirma logo no título que “não há razão” para que o político brasileiro rompa as relações econômicas com a China.
O China Daily é usado muitas vezes como porta-voz do governo chinês e costuma servir para mandar mensagens a parceiros. e outras nações.
“Rejeitar a China, que Bolsonaro já descreveu como um parceiro excepcional, pode servir a algum propósito político específico”, afirma o texto. “Mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão na história”.
Segundo o China Daily, o brasileiro tratou o mercado chinês de forma pouco amigável durante sua campanha eleitoral. “Ele retratou a China como um predador que busca dominar setores-chave da economia brasileira”, diz o artigo.
Pequim, contudo, lembra que exportações brasileiras, principalmente os grãos e minerais, “não só ajudaram a alimentar o rápido crescimento da China, mas também apoiaram o rápido crescimento do Brasil”.
“A China é o maior mercado de exportação do país dele e a fonte número 1 de superávit comercial. Mais importante, as duas economias são verdadeiramente complementares e dificilmente concorrentes”.
“Embora Bolsonaro possa ter imitado o presidente dos EUA ao ser franco e afrontoso para capturar a imaginação dos seus eleitores, não há nenhuma razão para ele copiar as políticas comerciais de Trump”, completa o jornal.
Durante a campanha, Bolsonaro afirmou que a China tentava dominar importantes setores da economia brasileira. O presidente eleito também registrou sua oposição à privatização planejada de alguns ativos da estatal Eletrobras devido ao temor de que compradores chineses deem os maiores lances, após diversas aquisições recentes de Pequim nos setores de energia e infraestrutura do Brasil.
Em fevereiro, Bolsonaro se tornou o primeiro candidato à Presidência a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu Pequim como o único governo chinês nos anos 1970. O posicionamento do brasileiro é considerado inaceitável por Pequim e gerou um clima de tensão entre os líderes chineses.
As relações econômicas entre Pequim e Washington estão prejudicadas nos últimos meses, desde que Donald Trump impôs tarifas de 25% sobre a importação de aço e 10% sobre o alumínio de diversos países, entre eles a China.
As duas maiores economias do mundo hoje estão prestes a iniciar uma guerra comercial, que tem o potencial de abalar a atividade econômica global.