A China ameaçou nesta quinta-feira, 2, adotar medidas em represália caso o Reino Unido persista com o plano de conceder cidadania britânica a milhões de cidadãos de Hong Kong, em resposta à polêmica nova lei de segurança para o território.
“Se a parte britânica fizer mudanças unilaterais, violará sua própria posição e seus compromissos, assim como o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais”, afirmou a embaixada em um comunicado publicado em seu site. “Nos opomos com veemência a isto e nos reservamos o direito de adotar as medidas correspondentes”, completa a nota, sem revelar detalhes.
A escalada de tensões gira em torno da nova lei que Pequim aprovou. Nela, é previsto punições mais duras para a subversão, sedição, terrorismo e interferência estrangeira em assuntos internos. O texto é uma resposta direta aos protestos de Hong Kong, em 2019, que exigiam maior autonomia do território.
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Clique e AssinePara o Reino Unido, a lei de segurança constitui uma violação do pacto que devolveu Hong Kong à China em 1997 – o termo “um país, dois sistemas” nasce deste acordo. Contudo, o território seria administrado de forma autônoma por até 50 anos antes de Pequim poder declarar soberania sobre a região.
A proposta do Reino Unido, agora, é conceder nacionalidade britânica para os cerca de três milhões de pessoas que nasceram em Hong Kong antes de 1997. Atualmente, 350.000 cidadãos de Hong Kong possuem passaporte britânico, número que dobrou desde o início dos protestos em 2019.
O anúncio da ampliação de vistos foi realizado pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, mas o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, foi mais comedido ao falar ao Parlamento na quarta-feira, 1. “Nos dissemos que permitiríamos os cerca de 300.000 titulares de passaportes, junto de seus dependentes, a virem para o Reino Unido”, afirmou.
A nova lei de segurança nacional entrou em vigor na quarta-feira. Com sprays de pimenta e jatos de água, as autoridades reprimiram protestos pacíficos em Hong Kong. Cento e oitenta pessoas foram presas e oito serão extraditadas à China.