O governo da China alertou, na terça-feira 19, que tomará “medidas resolutas e contundentes” se a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitar Taiwan.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, a parlamentar faria uma viagem a Taipei no próximo mês, o que representaria a chegada da delegação de mais alto nível dos EUA à ilha autônoma em 25 anos.
Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China reagiu aos rumores da possível visita, dizendo que ela “teria um impacto negativo severo na base política das relações China-EUA e enviaria um sinal gravemente errado às forças separatistas da ‘independência de Taiwan'”.
A China não reconhece a independência de Taiwan e a considera uma “província rebelde”. Apesar do governo democrático local, Pequim deseja reanexar Taiwan, uma posição que os Estados Unidos consideram inaceitável.
Apesar de não contestarem a soberania reivindicada por Pequim em relação a Taiwan, e não manterem relações diplomáticas formais com a ilha, os Estados Unidos seguem um posicionamento definido como “ambiguidade estratégica”, no qual têm acordo de fornecimento de armas e assistência à ilha e se dizem comprometidos a garantir que ela possa se defender.
A ação americana, por sua vez, levaria até o limite o status quo criado em 1979, quando Washington reconheceu Pequim como o único governo chinês com o entendimento de que Taiwan teria um futuro pacífico.
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“Se os EUA insistirem em seguir o caminho errado, a China definitivamente tomará medidas resolutas e contundentes para defender firmemente sua soberania nacional e integridade territorial”, disse o porta-voz do ministério, Zhao Lijian, em entrevista coletiva. “Os Estados Unidos devem ser totalmente responsáveis por todas as consequências causadas por isso.”
Questionado sobre o encontro, Drew Hammill, vice-chefe de gabinete de Pelosi, disse: “Não confirmamos ou negamos viagens internacionais antecipadamente devido a protocolos de segurança de longa data”. A visita da líder democrata a Taiwan foi adiada em abril, depois que ela testou positivo para Covid-19. Na época, a China disse que tal visita afetaria severamente as relações entre China e Estados Unidos.
As novas declarações acontecem apenas dois dias depois de uma nova exigência do governo da China, que instou os EUA a cancelarem imediatamente uma possível venda de armas a Taiwan. A exigência segue o anúncio na última sexta-feira da aprovação de um pacote de assistência militar americana à ilha estimado em cerca de 110 milhões de dólares, segundo o Pentágono. Embora o Ministério da Defesa taiwanês afirme que o acordo deve entrar em vigor em cerca de um mês, o documento do Pentágono não indica que um contrato foi assinado nem que negociações com o país foram concluídas.
As tensões entre os EUA e a China sobre Taiwan vêm aumentando desde meados do ano passado, na esteira de avanços militares de ambas as partes. Por um lado, a China realizou uma série de incursões aéreas perto de Taiwan, enquanto os EUA reconheceram que têm um pequeno contingente de militares na ilha há pelo menos um ano para treinar as forças locais.