Venezuela e China assinaram nesta sexta-feira (14) vários acordos de cooperação estratégica nos setores de petróleo, mineração, economia, segurança, tecnologia e saúde. Os compromissos foram fechados durante visita oficial do presidente de Nicolás Maduro a Pequim.
Entre os acordos, assinados junto com o chanceler chinês e conselheiro de Estado, Wang Yi, se destacam a concessão de 9,9% das ações da empresa mista petrolífera Sinovensa, e a assinatura de um memorando de entendimento para o desenvolvimento das empresas de hidrocarbonetos Petrourica e Petrozumano.
Também foi assinado um acordo para fortalecer a cooperação entre a Corporação Nacional de Exploração de Gás da China (CNODC) e a Petróleos de Venezuela (PDVSA) com o objetivo de explorar o gás na Venezuela. Outro pacto de exploração do setor aurífero, com a empresa chinesa Yankuang Group, também foi fechado.
Além disso, as partes assinaram um memorando de entendimento entre a empresa de tecnologia ZTE e o Ministério do Poder Popular para a Saúde venezuelano.
Maduro ressaltou que os acordos estão alinhados com o Programa de Recuperação, Crescimento e Prosperidade Econômica da Venezuela, iniciado no último dia 20, e afirmou que as relações comerciais entre ambas as nações “passaram pelas provações da crise financeira mundial”.
“Tive que lidar com as medidas de sanções econômicas dos Estados Unidos e da Europa, que perseguiram as contas bancárias da Venezuela, sequestraram bilhões de dólares em contas internacionais e bloquearam nosso comércio”, denunciou o presidente venezuelano.
Além disso, Maduro se referiu aos desafios “econômicos” que a Venezuela vive devido à “guerra imposta por países imperiais” e valorizou o apoio de China para solucioná-los. Em um encontro separado com o presidente chinês Xi Jinping, o líder venezuelano agradeceu à China por sua compreensão e seu apoio de longo prazo.
Xi disse a Maduro que os dois países deveriam promover uma cooperação mutuamente benéfica para levar as relações a um novo patamar, e que deveriam consolidar a confiança política mútua.
Durante uma década, a China injetou mais de 50 bilhões de dólares na Venezuela por meio de acordos de petróleo em troca de empréstimos que ajudaram Pequim a garantir suprimentos de energia para sua economia de crescimento rápido, ao mesmo tempo em que fortalecia um aliado anti-EUA na América Latina.
Manter sua influência sobre o país e garantir a manutenção de um regime amigável também são interesses do governo chinês. Essa ajuda financeira tem sustentado o governo de Nicolás Maduro e impedido sua total dissolução, por falta de recursos para manter seus aliados internos e bases.
A Venezuela deve ainda cerca de 20 bilhões de dólares à China, cujas condições de pagamento, flexibilizadas em 2016, podem estar sobre a mesa nesta viagem. O país costuma quitar suas dívidas com a China com embarques de petróleo.
Maduro poderá voltar com um novo crédito de 5 bilhões de dólares e a ampliação por seis meses do período de carência para o serviço da dívida, segundo informação extraoficial citada pela consultoria venezuelana Ecoanalítica.
Diante da grave crise no país, com severa escassez de alimentos e de remédios, além de uma hiperinflação que pode passar de 1.000.000% de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Maduro iniciou um polêmico plano de reformas econômicas no mês passado.
Entre as diversas medidas, destacam-se um aumento salarial de 3.400%, uma desvalorização de 96% do bolívar e aumento de impostos. O presidente venezuelano fica até domingo na China.
(Com Reuters, AFP e EFE)