O governo chinês prometeu nesta segunda-feira, 1, uma resposta aos Estados Unidos caso o país imponha sanções contra Hong Kong. Na sexta-feira 29, a Casa Branca retirou o status especial de comércio com Hong Kong, uma vez que não reconhece mais a autonomia do território em relação à China devido à aprovação por Pequim de uma lei de segurança nacional, que possibilita a ingerência direta no cotidiano do território.
“Qualquer declaração ou ação que prejudique os interesses da China encontrará um firme contra-ataque”, declarou Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.
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Clique e AssineAlém da mudança no status comercial, o presidente americano, Donald Trump, também proibiu que cidadãos chineses que representem “risco” potencial para a segurança nacional entrem no país. A fala de Zhao é a primeira reação oficial de Pequim às medidas anunciadas na sexta-feira pela Casa Branca.
Hong Kong foi palco de protestos por cerca de seis meses em 2019 devido a um projeto de lei que dava margem para o envio de perseguidos políticos à China. A proposta foi engavetada, mas durante a reunião anual do Parlamento chinês em Pequim em maio deste ano, uma nova legislação de segurança nacional foi aprovada. A medida abre a possibilidade do governo central passar por cima da autonomia de Hong Kong.
Na prática, o governo chinês antecipa em 27 anos a retomada da influência no cotidiano de Hong Kong – o território era um protetorado do Reino Unido até 1997, quando os britânicos saíram da região e assinaram um acordo com Pequim no qual a China continental deixaria a região ter autonomia por até 50 anos.
A nova legislação deverá “impedir, deter e reprimir qualquer ação que ameace de maneira grave a segurança nacional, como o separatismo, a subversão, a preparação, ou a execução de atividades terroristas, assim como as atividades de forças estrangeiras que constituem uma interferência nos assuntos de Hong Kong”.
Desde que Trump assumiu a Presidência dos Estados Unidos, a tensão com a China vem aumentando além da guerra comercial e da taxação de exportações chinesas, como o aço. Em 2020, com a pandemia de Covid-19, os americanos apostaram na retórica de que Pequim e a Organização Mundial da Saúde (OMS) negligenciaram ou acobertaram a gravidade do vírus em seu período inicial. Como represália, o presidente americano retirou seu país da OMS.
“Os Estados Unidos se tornaram viciados em desistir de grupos e em descartar tratados”, afirmou Zhao. Enquanto os Estados Unidos saíam da organização acusando-a de ser tomada pela influência chinesa, mesmo contribuindo com 500 milhões de dólares, cerca de 15% do orçamento, Pequim anunciou aumentar o financiamento para a OMS de 57 milhões de dólares anuais para 2 bilhões de dólares nos próximos dois anos.