O ciclone Amphan tocou o solo na região entre Índia e Bangladesh nesta terça-feira, 20, e causou a primeira morte e o deslocamento de 2,4 milhões de pessoas que buscam refúgio dos violentos ventos da tempestade. Além de ser o mais forte em mais de uma década, o ciclone impõe às autoridades a tarefa de manejar a crise em meio à pandemia de Covid-19, já que nos abrigos o distanciamento social é praticamente impossível.
Com ventos de até 190km/h, o ciclone Amphan fez sua primeira vítima. Um voluntário da Cruz Vermelha, que participava da operação para a retirada dos moradores na cidade de Kalapara, em Bangladesh, se afogou ao ter o barco virado pela força da tempestade.
Em Bangladesh, o ministro de Gerenciamento de Desastres, Enamur Rahman, disse que cerca de 2,4 milhões de pessoas dos distritos mais vulneráveis foram encaminhadas a mais de 15.000 abrigos contra tempestades.
Tanto a Índia, que experimentou uma das maiores políticas de confinamento do mundo, quanto Bangladesh, ainda não conseguiram parar a curva de contaminação por Covid-19. Os países registram 107.819 e 26.738 casos, respectivamente, segundo levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins.
“Está sendo desafiador retirar pessoas e manter o distanciamento (social). Dobramos o número de centros de acolhimento para garantir o distanciamento e a higiene”, disse Rahman.
A agricultura pode sofrer com a tempestade e grandes extensões de terras férteis podem ser devastadas, disseram autoridades. Os agricultores estão sendo auxiliados a transferir sua produção e centenas de milhares de animais a terrenos mais elevados. “Felizmente, a colheita da safra de arroz está quase finalizada. Mesmo assim, isso (tempestade) pode deixar um rastro de destruição”, disse Mizanur Rahman Khan, funcionário graduado do Ministério da Agricultura de Bangladesh.
Autoridades dos Estados indianos de Odisha e Bengala Ocidental disseram que ventos intensos arrancaram telhados e árvores e entortaram postes de eletricidade, prejudicando o fornecimento de energia em algumas áreas. Um funcionário do Ministério do Interior da Índia disse que as autoridades locais tiveram dificuldade para acolher milhares de pessoas retiradas, já que os abrigos estavam sendo usados como centros de quarentena do coronavírus.
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Clique e AssineAbrigos adicionais estão sendo preparados em mercados e edifícios do governo, levando em conta o distanciamento social. Máscaras estão sendo distribuídas a moradores de vilarejos.
A polícia de Bengala Ocidental disse que algumas pessoas não estavam dispostas a ir para abrigos por temerem ser infectadas pelo coronavírus, e que muitas estavam se recusando a abandonar seus rebanhos.
No caminho do ventos do ciclone em Bangladesh, há o maior campo de refugiados do mundo. Milhões de rohingyas, a minoria muçulmana de Mianmar expulsa de casa por milícias hindus com a anuência do governo, moram em campos desprovidos de infraestrutura básica de saúde.
(Com EFE e AFP)