Em discurso por videoconferência ao Congresso americano nesta quarta-feira, 16, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, instou os Estados Unidos a “fazerem mais” durante o que chamou de “momento mais sombrio” da história da Ucrânia e da Europa. Em resposta, Biden ampliou a ajuda militar ao país em US$ 800 milhões, o que aumenta o valor para US$ 1 bilhão em apenas uma semana.
“No momento mais sombrio para nosso país, para toda a Europa, peço que vocês façam mais. Novos pacotes de sanções são necessários, constantemente, todas as semanas até que a máquina militar russa cesse. Restrições são necessárias para todos que são a base deste regime injusto”, disse o presidente.
A Ucrânia, segundo ele, vive todos os dias um cenário de pânico e destruição como o de um dos mais trágicos atentados da história.
“Lembrem do 11 de Setembro. A Ucrânia está sofrendo isso todos os dias. Um terror que a Europa não via há 80 anos”, disse o chefe de Estado ucraniano, que foi muito aplaudido pelos congressistas americanos.
O discurso de Zelensky foi feito depois que o presidente americano, Joe Biden, assinou um projeto de lei que prevê US$ 13,6 bilhões em ajuda militar e humanitária para a Ucrânia e países da parte leste da Otan, principal aliança militar ocidental.
Apesar de elogios ao esforço internacional, ele pediu novas medidas contra a Rússia. Segundo Zelensky, os EUA deveriam sancionar todos os políticos russos “que continuam em seus escritórios e não cortaram laços com aqueles que estão contra a Ucrânia. Além disso, “todas as empresas americanas deveriam deixar a Rússia fora de seus mercados, deixarem o mercado dela imediatamente, porque está repleta de nosso sangue”.
Ele também voltou a pedir a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia para evitar ataques russos. Os Estados Unidos, no entanto, já haviam descartado anteriormente o uso de tropas para criar uma zona de exclusão, já que tal ação colocaria forças americanas em combate direto com a Rússia, podendo levar ao que o presidente Joe Biden classificou como “terceira Guerra Mundial”.
Durante sua fala, o presidente ucraniano citou a necessidade de “novas instituições” e “novas alianças” para encerrar a guerra.
“Nós propomos a criação de uma associação (…) uma união de países responsáveis que têm a força e a consciência para encerrar conflitos imediatamente, fornecer toda a assistência em 24 horas, se necessário, até mesmo armas, se necessário, sanções, apoio humanitário, apoio político, finanças, tudo que você precisa para manter a paz e rapidamente salvar o mundo, para salvar vidas”, disse.
Na terça-feira, em meio às negociações para o fim do conflito provocado pela invasão da Rússia, Zelensky já havia afirmado que seu país precisa entender que “a porta da Otan não está aberta” para admissão na aliança, principal ponto de embate entre Moscou e Kiev.
As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.