A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), cujos diálogos de paz com o governo da Colômbia estão congelados, anunciou um cessar-fogo de suas atividades armadas durante as eleições legislativas, que serão realizadas em 11 de março.
Segundo comunicado emitido pelo grupo rebelde, a trégua deve durar dos dias 9 a 13 de março. A guerrilha também defendeu a retomada dos diálogos de paz com o governo de Juan Manuel Santos, congelados no final de janeiro pelo presidente depois de uma ofensiva rebelde contra delegacias de polícia que deixou oito agentes mortos e dezenas de feridos.
“A agenda deve continuar se desenvolvendo com rigor e rapidez (…) para buscar um acordo que supere os confrontos armados e acerte transformações na busca de uma Colômbia em paz e igualdade”, dizia o documento.
Santos suspendeu as conversações, instaladas em Quito há um ano, depois de um ataque guerrilheiro iniciado horas depois que finalizou a primeira trégua bilateral com essa guerrilha em meio século de conflito.
“Esse é o tipo de gesto que nós estávamos pedindo”, afirmou o chefe de Estado à emissora LaFM nesta segunda-feira. Santos assegurou também que vai estudar o comunicado e que depois tomará uma decisão.
O presidente colombiano, Prêmio Nobel da Paz 2016 por seus esforços para finalizar o confronto armado em seu país, busca alcançar com o ELN um acordo similar ao assinado no final de 2016 com as Farc, já desarmadas e transformadas em partido político.
Depois do histórico pacto, as ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) participarão nas eleições legislativas de março e nas presidenciais de maio, nas quais os colombianos elegerão o sucessor de Santos. Os ex-guerrilheiros têm garantidas 10 cadeiras no Congresso, apesar de terem de participar igualmente na votação, segundo acordo firmado após quatro anos de negociações em Havana.
A Colômbia quer pôr fim a um conflito armado que em meio século deixou cerca de 8 milhões de vítimas entre mortos, desaparecidos e deslocados.
Com menos de 2.000 combatentes, o ELN é a última guerrilha ativa na Colômbia reconhecida pelo governo desde que as Farc foram desarmadas. Fundado em 1964, o grupo insurgente inspirou-se na revolução cubana e na Teologia da Libertação, uma corrente cristã latino-americana voltada para a defesa dos pobres. Tem muita influência em setores urbanos, principalmente estudantis e sindicais.