O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta terça-feira, 11, o início da segunda fase de exercícios nucleares táticos, que ocorrerá juntamente com soldados bielorrussos. A nação aliada do governo de Vladimir Putin havia anunciado a colaboração na véspera.
Moscou afirma que o treinamento visa proteger o país de uma potencial ameaça do Ocidente, alegando que os Estados Unidos e os seus aliados europeus “empurraram o mundo para a beira de um confronto entre potências nucleares” após permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos dentro do território russo.
“A situação no continente europeu é bastante tensa, provocada todos os dias por novas decisões e ações de capitais europeias hostis à Rússia e, sobretudo, de Washington”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
A segunda fase dos exercícios vai preparar os soldados russos e bielorrussos “para o uso em combate de armas nucleares não estratégicas”, segundo o ministério. A primeira fase aconteceu no sul da Rússia no mês passado, perto da fronteira ucraniana, e envolveu mísseis Iskander e Kinzhal.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse no mês passado que esperava que os exercícios “esfriassem as cabeças quentes nas capitais ocidentais” após o que qualificou como “declarações provocativas e ameaças de certos responsáveis ocidentais contra a Federação Russa”.
Ameaça nuclear
Putin afirma desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, que existe a possibilidade da Rússia utilizar armas nucleares para se defender em situações extremas. No entanto, Putin disse na última sexta-feira 7 que seu país não precisaria recorrer às perigosas ogivas para vencer o conflito.
O ministro da Defesa de Belarus, tenente-general Viktor Khrenin, afirmou na segunda-feira 10 que Belarus é “um Estado pacífico” por não “buscar confronto com ninguém”, mas que os exercícios são uma medida proativa para “aumentar a nossa prontidão para usar as chamadas armas de retaliação”.
“Agora, mais do que nunca, estamos determinados a responder a quaisquer ameaças colocadas tanto ao nosso país como ao Estado da União (entre Rússia e Belarus)“, disse Khrenin.
Os Estados Unidos não demonstraram preocupação em relação aos exercícios nucleares, afirmando que não viram qualquer mudança na postura estratégica da Rússia. Apesar isso, autoridades ligadas aos serviços de informação e inteligência de países ocidentais emitiram alertas sobre a seriedade do risco de um conflito envolvendo bombas atômicas. Juntos, Estados Unidos e Rússia detêm cerca de 88% do arsenal nuclear global.