O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira, 28, que fará um empréstimo de 765 milhões de dólares à empresa de equipamentos fotográficos Kodak para a produção de ingredientes farmacêuticos. O objetivo é reduzir a dependência de outros países, fortalecendo as cadeias de suprimentos domésticas.
A administração do presidente Donald Trump busca reforçar a capacidade de produzir medicamentos e suas matérias-primas nacionalmente, depois que a pandemia de coronavírus expôs a dependência da China e da Índia dentro do setor. A Kodak está se preparando para produzir ingredientes para uma série de genéricos, incluindo a hidroxicloroquina, remédio contra a malária que o líder americano – assim como o presidente Jair Bolsonaro – divulgou como tratamento para a Covid-19.
“Este é o começo da autonomia americana em relação à nossa dependência farmacêutica de países estrangeiros”, disse Peter Navarro, conselheiro comercial da Casa Branca, em entrevista à emissora Fox News. Em 2017, os Estados Unidos importaram 3,9 bilhões de dólares em matérias-primas farmacêuticas da China, um aumento de quase 25% em relação ao ano anterior, de acordo com a IHS Markit.
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Clique e AssineO empréstimo provém da Corporação de Desenvolvimento Financeiro Internacional, agência federal semelhante a um banco, e é o primeiro desse tipo feito por meio da Lei de Produção de Defesa, que autoriza o Executivo a interferir no sistema de produção do país em casos de emergência. O governo Trump já havia invocado a legislação anteriormente para acelerar a produção de equipamentos para combater a Covid-19, como respiradores.
Em maio, o governo assinou um contrato de até 812 milhões de dólares para uma nova empresa nacional que fabricasse medicamentos e suas matérias primas no país.
Com o empréstimo, a Kodak, fundada em 1888 em Nova York, poderá lançar a Kodak Pharmaceuticals, um novo braço da empresa que produzirá componentes farmacêuticos essenciais. As ações da empresa foram negociadas a um valor alto de 8,80 dólares, após fecharem a 2,62 dólares na sessão anterior.
O foco farmacêutico marca uma grande mudança para a empresa, que já foi o “Google de seu tempo”, tendo inventado a câmera digital em 1975 e empregado mais de 145.000 pessoas, segundo o jornal americano The Wall Street Journal.
Contudo, sem conseguir capitalizar sobre o evento, pediu falência em 2012. Agora, a empresa espera que seus ingredientes farmacêuticos representem de 30% a 40% de seus negócios a longo prazo.
“Quando isso acontecer, 25% dos [ingredientes farmacêuticos ativos] para genéricos de que precisamos nos Estados Unidos estarão exatamente nessas instalações”, disse Navarro.
(Com Reuters)