Com inflação e guerra na Europa, número de sem-teto dobra na Alemanha
Dados da Associação Federal de Assistência aos Sem-Teto indicam que total de pessoas em situação de rua cresceu de 268 mil para 447 mil no país
Dados da Associação Federal de Assistência aos Sem-Teto (BAG-W) em Berlim divulgados nesta terça-feira, 7, mostram que o número de pessoas em situação de rua na Alemanha quase dobrou no último ano, passando de 268 mil para 447 mil. Segundo o levantamento, pessoas que não nasceram no território alemão são as mais afetadas, com um aumento de 118% nos registros nacionais, contra 5% dos cidadãos.
Além disso, o relatório indica que a maior parte dos sem-teto estrangeiros nunca conseguiu uma moradia digna na Alemanha. Entre os que gozam de cidadania, a ausência de abrigo foi provocada por despejos (57%), dívidas com aluguel e energia (21%), conflitos pessoais (20%) e divórcios (16%). A diretora-geral da instituição, Werena Rosenke, aponta que a inflação e o aumento dos custos de vida explicam o preocupante fenômeno entre famílias mais pobres.
“Isso [os três elementos] leva à pobreza [energética], dívidas de aluguel e falta de moradia”, disse. “Grupos particularmente vulneráveis incluem famílias unipessoais de baixa renda, pais solteiros e casais com muitos filhos”.
A Alemanha, que registrou uma inflação de 6,1% em agosto, enfrenta uma retração econômica que impacta diretamente o cenário.
A escalada também se deve, em peso, à guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado. Desde a eclosão do conflito, mais de um milhão ucranianos pediram asilo em 2022, contingente que é somado às 148 mil pessoas de diferentes nacionalidades. A escalada acendeu os alertas de autoridades locais, que alegam que o país está no limite da sua capacidade.
A estimativa da BAG-W leva em consideração desde pessoas alojadas em abrigos institucionais e que moram temporariamente com amigos e familiares até aquelas que vivem ao relento das ruas – a escassez de habitações sociais agravam o cenário alemão. Em março, o governo do chanceler alemão, Olaf Scholz, se viu diante da maior greve em décadas a nível nacional, consequência direta da crise inflacionária. Na ocasião, trabalhadores do setor de transportes demandaram um aumento salarial, levando ao fechamento de rodovias e de linhas de ônibus.