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Com o governo de Israel dissolvido, país terá 4ª eleição em dois anos

União entre Netanyahu e Gantz chegou a inflexão devido ao planejamento orçamentário; Gantz sai enfraquecido e não deve ser seu principal adversário

Por Da Redação
23 dez 2020, 17h18

O Parlamento de Israel foi dissolvido nesta quarta-feira, 23, à meia-noite, depois de falhar em cumprir o prazo para a aprovação dos orçamentos de 2020 e 2021. Isso obriga o governo a convocar novas eleições, as quartas nos últimos dois anos, desgastando ainda mais a política israelense.

O colapso confirma a inviabilidade da união entre o premiê Benjamin Netanyahu e Benny Gantz, o premiê rotativo, que durou apenas oito meses. Contudo, esta campanha eleitoral terá novas peças em jogo: a pandemia do novo coronavírus e o julgamento por corrupção de Netanyahu. A previsão que o novo pleito seja realizado no dia 23 de março do ano que vem.

O governo de “união e emergência” foi formado depois que três eleições legislativas falharam em apontar um vencedor claro entre Netanyahu e Gantz, em um momento em que o país começou a ser atingido pela pandemia.

O acordo incluía um rodízio no cargo de primeiro-ministro e estipulava que o governo adotaria um único orçamento para dois anos (2020 e 2021), mas o partido Likud, de Netanyahu, propôs a votação de dois orçamentos diferentes, o que foi recusado pelo partido centrista Azul e Branco, de Gantz. Foi o estopim da inimizade entre os dois políticos.

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Para evitar a convocação de novas eleições, a legenda de Gantz, ex-chefe do Exército, fez uma proposta de última hora: votar dois orçamentos separados, um no final de dezembro e outro no início de janeiro. Os deputados, porém, rejeitaram a ideia com 49 votos contra e 47 a favor.

“Gantz se viu forçado a se submeter à sua própria rendição”, escreveu o colunista Sima Kadmon, do jornal israelense Yediot Aharonot.

Netanyahu, por sua vez, também não sai ileso. Seu apoio vacila à medida que se aproxima seu julgamento por corrupção, marcado para início do ano que vem. Será a primeira vez na história de Israel que um chefe de governo em exercício será julgado.

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Para o próximo pleito, Gideon Saar, ex-ministro da Educação e do Interior, anunciou a criação de um outro partido, o Tikva Hadasha (Nova Esperança), abertamente direitista.

Pesquisas eleitorais indicam que a legenda está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás do Likud. Só que a criação do novo partido, somada ao avanço da legenda de extrema-direita Yamina – de outro ex-ministro, Naftali Bennett –, podem roubar votos de Netanyahu e complicar o jogo das alianças pós-eleitorais.

Além disso, embora as últimas eleições tenham sido duelos entre Netanyahu e Gantz, “a desintegração do partido Azul e Branco mudou a dinâmica”, disse Yohanan Plessner, diretor do Instituto Democrático de Israel, um centro de análise em Jerusalém.

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O resultado disso, segundo o especialista, é que “não se sabe mais quem é o principal adversário” de Netanyahu, cuja campanha eleitoral coincidirá com a de vacinação contra a Covid-19.

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