Com opções limitadas, iranianos vão às urnas após a morte do presidente
Apenas um candidato pode ser considerado moderado ou reformista; Ebrahim Raisi morreu em um acidente de helicóptero em maio
Os iranianos foram às urnas nesta sexta-feira, 28, para escolher um novo líder após a morte, em maio, do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero. A população, porém, tem poucas opções. Estão na disputa quatro candidatos pré-aprovados pelo Conselho Guardião do Irã, supervisionado pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, dos quais apenas um é considerado moderado ou reformista.
As eleições presidenciais antecipadas ocorrem em um contexto de tensão regional devido aos conflitos entre Israel e os aliados do Irã – o Hamas, em Gaza e o Hezbollah, no Líbano.
Embora o poder do presidente seja limitado no Irã, onde as decisões mais importantes, da diplomacia às Forças Armadas, são tomadas pelo líder supremo, o resultado da votação pode ser o primeiro passo para determinar o sucessor de Khamenei, que está no poder desde 1989.
Opções limitadas
No início desta semana, o Conselho Guardião aprovou apenas seis dos mais de 80 interessados na disputa pelo cargo presidencial. Dois candidatos da linha dura desistiram da eleição presidencial um dia antes da votação, o prefeito do Teerã, Alireza Zakani, e o chefe da Fundação dos Mártires, Amirhossein Ghazizadeh-Hashemi.
Continuaram na disputa três candidatos conservadores ou até radicais: Mohammad Baqer Ghalibaf, o atual presidente do Parlamento, comandado pelos conservadores; Saeed Jalili, que atua como representante do líder supremo; e Mostafa Pourmohammadi, ex-ministro da Justiça e o único clérigo na disputa.
Além disso, a corrida conta com Massoud Pezeshkian, o único candidato moderado aprovado pelo Conselho Guardião e apoiado pelo campo pró-reforma. Médico de profissão, foi impedido de se candidatar na eleição presidencial de 2021 e já expôs suas críticas à República Islâmica por sua falta de transparência sobre a morte de Mahsa Amini, jovem curda que faleceu sob a custódia da chamada polícia da moralidade, incidente que fez protestos inundarem as ruas do país.
“Respeitaremos a lei do hijab, mas nunca deve haver nenhum comportamento intrusivo ou desumano em relação às mulheres”, disse Pezeshkian depois de entrar na disputa.
Todos os quatro candidatos prometeram reviver a economia iraniana, abalada pela corrupção estatal, má gestão e sanções impostas pelos Estados Unidos desde 2018.
Se nenhum dos candidatos obtiver pelo menos 50% dos votos mais um, incluindo cédulas em branco, um segundo turno será realizado entre os dois candidatos mais votados. A nova rodada ocorrerá na primeira sexta-feira após a divulgação dos resultados, prevista para este sábado, 29.
Baixa participação
Mais de 61 milhões de eleitores, dentro de uma população de 85 milhões, estão registrados para votar nestas eleições, de acordo com o Conselho de Supervisão Eleitoral do Irã. No entanto, espera-se que a participação seja baixa, seguindo o padrão de declínio visto nos últimos anos devido descontentamento com a falta de liberdade política e social e as dificuldades econômicas no país.
Apenas 48% dos eleitores participaram da eleição presidencial de 2021. A participação nas eleições legislativas de março foi ainda menor, com apenas 41% de comparecimento.
A participação da população no processo eleitoral é importante para que o governo iraniano demonstre legitimidade no cenário internacional, principalmente após o aumento das tensões no Oriente Médio. Por isso, ao votar nesta sexta-feira, Khamenei pediu que os iranianos compareçam às urnas.
“A durabilidade, a força, a dignidade e a reputação da República Islâmica dependem da presença das pessoas”, disse o líder supremo. “A alta participação é uma necessidade definitiva.”