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Comboio com mais de 2 mil carros deixa cidade ucraniana de Mariupol

Outros 160 carros já haviam deixado a cidade na última segunda e outros 2.000 aguardam evacuação; número de refugiados ultrapassa os 3 milhões

Por Matheus Deccache 15 mar 2022, 14h43

Cerca de 2.000 carros particulares conseguiram deixar a cidade de Mariupol, na Ucrânia, cercada há duas semanas pelas tropas russas, nesta terça-feira (15), disse o conselho municipal em comunicado. Além deles, outros 2.000 veículos estavam estacionados na principal via de saída aguardando para deixar a cidade.

Na última segunda-feira, outros 160 carros já haviam conseguido deixar o município por meio do corredor humanitário planejado pelos governos da Ucrânia e da Rússia, concretizando a saída do primeiro comboio civil da região.

Mariupol tem sido alvo de bombardeios intensos desde que foi cercada por tropas russas, em 2 de março. Desde então, os cerca de 400.000 habitantes que continuavam em Mariupol sofrem com falta de acesso a água, alimentos e medicamentos.

+ Ucrânia precisa entender que ‘porta da Otan não está aberta’, diz Zelensky

De acordo com a Organização Internacional para Migrações das Nações Unidas, o número de refugiados da guerra na Ucrânia ultrapassou os 3 milhões nesta terça-feira, após 19 dias de conflito. O número representa um aumento de mais de 200.000 pessoas em relação ao dia anterior, quando 2,8 milhões haviam deixado o território ucraniano. 

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O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, a Acnur, indicou que destes 3 milhões, 90% corresponde a mulheres e crianças. Ainda de acordo com a agência, a Polônia é o país que mais recebeu refugiados – cerca de 1,8 milhão –, seguido por Hungria, Eslováquia, Rússia e Romênia. 

Estimativas da ONU apontam que, caso o confronto continue por mais tempo, o número total de pessoas fugindo da Ucrânia pode superar os 4 milhões, ao mesmo tempo que 6,7 milhões podem se deslocar internamente. 

Um grande comboio de ajuda humanitária era esperado em Mariupol desde domingo, porém, de acordo com a agência de notícias AFP, citando autoridades locais, ele teve que voltar porque os russos “não pararam de atirar”.

+ Fuga do inferno: o drama dos refugiados da guerra na Ucrânia

A Rússia, por sua vez, acusa os nacionalistas ucranianos de impedir a saída de civis de regiões combinadas, usando a população como ‘escudo humano’. Em resposta, autoridades da cidade disseram que a retirada de civis foi adiada porque militares russos não estariam respeitando a trégua.

Por meio de mensagem nas redes sociais, o conselho municipal instruiu aos moradores que saiam da cidade pelo oeste em direção à Zaporizhzhya. Além disso, foi aconselhado que aplicativos de mensagens sejam apagados e que fotos não sejam tiradas durante o trajeto.

Mariupol tem sido uma das cidades mais visadas por forças de Moscou desde o início da invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro. Em um vídeo transmitido em seu canal no Telegram Zelensky disse que as tropas russas “passaram dos limites” ao atacar a maternidade em Mariupol na última quarta-feira. Ao menos 17 pessoas teriam se ferido na tragédia, que o chefe de Estado classificou como uma “atrocidade”.

Uma mulher grávida e seu bebê, que ficaram feridos durante o ataque, morreram no fim de semana. De acordo com agências internacionais, o bebê chegou a nascer por meio de uma cesariana no último sábado, porém os médicos disseram no mesmo dia que ambos vieram a óbito.

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A Rússia negou que tenha atacado a maternidade e a porta-voz dos Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, chamou a situação de “terrorismo de informação”.

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