O que explica o aumento de brasileiros que estão migrando para os EUA
Escritório Gondim Law Corp projeta que Brasil se tornará o 14º país com mais cidadãos em busca do American dream, superando 2 milhões em 2024
São muitos os casos de migrantes brasileiros que querem tentar uma vida melhor nos Estados Unidos e, diante das dificuldades em conseguir autorização para a entrada, cruzam de forma ilegal a fronteira que os separa da terra prometida. Esse perfil, porém, não é o único – e está deixando de ser maioria.
Milhares de profissionais bem posicionados em suas carreiras no Brasil vêm descobrindo a existência de determinados vistos e green cards que permitem morar e trabalhar legalmente em território americano, seja em caráter temporário ou, na maioria dos casos, permanente.
De acordo com o Itamaraty, a comunidade de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos chegou a 1,9 milhão de pessoas neste ano, um número que deve aumentar em 2024. As projeções do escritório de advocacia americano Gondim Law Corp indicam que a população de brasileiros em território americano deve superar os 2 milhões em 2024.
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Caso isso aconteça, o Brasil passará a Coreia do Sul, alcançando o posto de 14º país que mais envia migrantes para os Estados Unidos.
A Gondim Law Corp avalia que esse aumento se dá principalmente em razão da busca cada vez maior dos brasileiros pelos chamados vistos EB (Employment-Based, algo como um visto lastreado em empregos ou carreiras) e pelo próprio desejo do governo americano de atrair imigrantes qualificados para trabalhar em áreas que sofrem com escassez de mão de obra no país.
“Em 2016, uma decisão da corte federal americana flexibilizou certas leis de imigração para atrair imigrantes qualificados através dos vistos EB. Isso resultou em um aumento sem precedentes na chegada ao país de engenheiros, profissionais de TI, educadores, pilotos de avião, médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, empresários e profissionais de muitas outras áreas vindos de outros países, e milhares de brasileiros vêm sendo beneficiados com esses vistos”, explicou a VEJA Marcelo Gondim, advogado de imigração e fundador do escritório.
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Conforme indicam os dados do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS), nos últimos dez anos, mais de 140 mil green cards foram concedidos para imigrantes brasileiros, sendo 116 mil desde 2016.
“A busca dos brasileiros pelos Estados Unidos passa pelo desejo de morar em um país que oferece mais segurança pública, qualidade de vida, melhores oportunidades profissionais e acadêmicas e pela chance de proporcionar um futuro melhor para a família”, disse Gondim.
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Os vistos EB possibilitam essa locomoção para profissionais, especialmente aqueles que se qualificam para o EB-2 NIW (green card com base em carreira, sem a necessidade de um empregador) e o EB-3 (green card por oferta de emprego fixo nos Estados Unidos). A Gondim Law já ajudou mais de 140 mil brasileiros a se tornarem residentes legais nos Estados Unidos – a maioria nessas categorias.
Ainda segundo o advogado, hoje há mais estrangeiros solicitando os vistos EB do que green cards, já que, de acordo com a lei americana, existe um limite anual de 40 mil vistos para as categorias profissionais. Gondim alerta, porém, que o cenário pode mudar nos próximos anos devido à alta procura, caso aconteça uma reforma imigratória nos Estados Unidos.
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“A maioria das leis de imigração vigentes é datada dos anos 1970, o que, evidentemente, as torna ultrapassadas e defasadas, já que a situação imigratória atual é completamente diferente de 50 anos atrás”, afirmou ele a VEJA, acrescentando que a histórica rivalidade política entre republicanos e democratas no Congresso americano continua sendo o principal obstáculo para que essas leis sejam atualizadas.
“Por outro lado, para que os Estados Unidos continuem se mantendo como principal potência econômica e tecnológica do mundo, é fundamental a chegada de mais imigrantes qualificados, o que pode acabar fazendo com que os legisladores americanos aumentem a quantidade dos vistos EB nos próximos anos”, previu Gondim.