Em uma carta divulgada nesta sexta-feira, 25, refugiados que foram brevemente alojados no controverso “barco prisão” de Portland, no Reino Unido, usado para conter imigração ilegal, disseram que as condições a bordo eram tão ruins que um deles fez uma tentativa de suicídio.
A carta de três páginas foi assinada por 39 refugiados e enviada à ministra do Interior, Suella Braverman. O texto também expõe o medo e o desespero dos solicitantes de asilo presos na barcaça, chamada Bibby Stockholm, e pede que Braverman os ajude a encontrar segurança e liberdade no Reino Unido.
Os imigrantes descreveram a embarcação como “um lugar inseguro, assustador e isolado”. Segundo o texto, o barco é “um local de exílio” onde viviam em “quartos pequenos”. Mas enfatizaram que, como desejam cumprir a lei, temem não obedecer às instruções do Ministério do Interior.
“Também num incidente trágico, um dos requerentes de asilo tentou o suicídio, mas agimos prontamente e evitamos este infeliz acontecimento. Considerando as dificuldades atuais, não é inesperado que possamos enfrentar uma repetição de tais situações no futuro”, disse a carta.
“A sensação de isolamento e solidão tomou conta de nós e as pressões psicológicas e emocionais aumentaram significativamente. Alguns amigos disseram que até gostariam de ter coragem de cometer suicídio. Nossa crença pessoal é que muitos desses indivíduos podem recorrer a essa tolice para escapar de problemas no futuro”, alerta o texto.
Segundo a carta, alguns dos refugiados adoeceram a bordo. Eles disseram que foram as últimas pessoas a serem informadas sobre a bactéria Legionella encontrada na barcaça e anunciada pelo Ministério do Interior no dia 11 de agosto.
A carta a Braverman termina com um apelo para considerar a sua situação como uma prioridade. “Somos indivíduos que estão cansados dos desafios que surgiram e já não temos forças para enfrentá-los.”
Em resposta, o Ministério do Interior disse estar seguindo todos os protocolos e conselhos da equipe de saúde ambiental do conselho de Dorset, da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido e do Serviço Nacional de Saúde [espécie de SUS britânico].
“Mais testes estão sendo realizados e pretendemos reembarcar os requerentes de asilo somente quando houver confirmação de que o sistema de água atende aos padrões de segurança relevantes. A segurança das pessoas a bordo continua sendo a prioridade”, afirmou a pasta.