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‘Conflito não é do interesse de ninguém’, diz Xi Jinping a Biden

Teleconferência marca primeira conversa entre os líderes sobre a crise na Ucrânia e a primeira reunião desde novembro

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 mar 2022, 16h50 - Publicado em 18 mar 2022, 11h41

Um conflito em larga escala não é interesse de ninguém, disse o presidente chinês, Xi Jinping, ao presidente americano, Joe Biden, durante teleconferência nesta sexta-feira, 18, segundo a mídia estatal chinesa.

“Relações entre Estados não podem entrar no cenário de confronto militar. Conflito e confronto não são do interesse de ninguém”, disse Xi, segundo a CCTV, em referência à invasão da Rússia à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro. “Paz e segurança são os tesouros mais estimados da comunidade internacional”.

A fala também pode ser vista como um alerta em meio às tensões elevadas entre Washington e Pequim. Segundo Xi, China e Estados Unidos precisam guiar as relações bilaterais por um caminho correto, e ambos devem fazer esforços para a paz mundial.

+ Nos bastidores da guerra, China move peças para se fortalecer contra EUA

A teleconferência marca a primeira conversa entre os líderes sobre a crise na Ucrânia e a primeira reunião desde novembro. O evento segue uma reunião em Roma na segunda-feira entre o assessor de segurança nacional americano, Jake Sullivan, e o diplomata chinês Yang Jiechi.

O teor completo da conversa, que começou às 10h, horário de Brasília, não foi divulgado. Por parte dos EUA, era esperado que Biden alertasse Xi que Pequim pagaria um duro preço em caso de apoio às operações militares russas na Ucrânia.

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Em comunicado, a Casa Branca afirmou que Joe Biden descreveu a Xi “implicações e consequências” no caso e apoio material à Rússia. Ele também teria detalhado esforços para impedir e então responder à invasão.

O governo dos EUA enquadrou a conversa como parte de seus “esforços contínuos para manter as linhas de comunicação abertas” entre os dois países.

A vice-secretária de Estado americana, Wendy Sherman, afirmou à rede MSNBC que o presidente chinês deveria falar ao presidente russo, Vladimir Putin, para “encerrar esta guerra de escolha, esta guerra de carnificina” na Ucrânia.

“A China precisa estar no lado certo da história. Precisa garantir que não abasteça, financeiramente ou de outra forma, sanções que foram impostas contra a Rússia”, disse depois à CNN.

Os preparativos para a teleconferência entre Xi e Biden foram marcados por tensões. Pouco antes, nesta sexta-feira, um porta-aviões chinês navegou pelo Estreito de Taiwan e o USS Ralph Johnson, um destróier americano, seguiu o navio por parte da rota.

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Apesar de Taiwan ter relações diplomáticas com algumas nações do Ocidente, a China considera a ilha seu território por direito, apesar de não governar oficialmente o país.  Nos últimos dois anos, Pequim vem aumentando suas atividades militares próxima à ilha para reforçar suas reivindicações de soberania, preocupando Taipé e os EUA, sua aliada.

Recentemente, um relatório de um serviço da inteligência ocidental também levantou preocupações. Segundo o documento, divulgado pelo jornal americano New York Times, autoridades chinesas pediram no início de fevereiro a autoridades russas para que Moscou não invadisse a Ucrânia antes do fim dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 20 de fevereiro. 

Poucas horas antes da cerimônia, Putin e Xi formalizaram uma aliança global com viés anti-Ocidente. Em um documento contra o que chamaram de “interferência em assuntos internos” de outros Estados, os líderes declararam oposição a qualquer expansão da Otan, principal aliança militar ocidental e alvo de boa parte das críticas da Rússia. 

Em nota ao jornal, o porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, Liu Pengyu, disse que as afirmações são “especulação sem nenhuma base, com a intenção de culpar e difamar a China”.’

Desde o início da guerra entre Moscou e Kiev, autoridades chinesas vêm se mostrando consistentemente alinhadas com a Rússia. A China disse “lamentar” as mortes na Ucrânia e definiu a situação atual como “indesejável”, mas não reconheceu a ação russa como invasão. Ao invés disso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou que o conflito tem uma “história e realidade complicados” e que apoia “todos os esforços diplomáticos”. 

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Diferentemente de EUA e União Europeia, que anunciaram duras sanções contra a Rússia, a China já expressou descontentamento com as represálias econômicas. Em reunião com líderes europeus, Xi instou avanços diplomáticos e alertou que sanções contra Moscou afetarão as finanças globais, a energia, o transporte e a estabilidade das cadeias de suprimentos e amortecerão a economia global que já está devastada pela pandemia. “E isso não interessa a ninguém”, completou.

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