Entrando em seu nono dia, os confrontos entre Israel e o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, acentuaram a crise humanitária em Gaza, já em situação grave. De acordo com a Organização das Nações Unidas, mais de 52.000 palestinos tiveram que se deslocar e ao menos seis hospitais e nove clínicas de atendimento básico foram danificados. Além disso, faltam alimentos, água potável e remédios na região, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira, 18.
De acordo com o porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke, cerca de 47.000 pessoas que ficaram desabrigadas por ataques israelenses em Gaza estão refugiadas em 58 escolas ligadas à agência de refugiados da organização.
Essas pessoas constituem uma grande parte dos quase e 60.000 deslocados pela escalada do conflito entre Israel e os territórios palestinos, disse Laerke em uma coletiva de imprensa em Genebra.
A escalada do conflito causou, segundo o porta-voz do OCHA, pelo menos 220 mortes em território palestino (200 delas em Gaza) e dez em Israel, enquanto os feridos em ambos os lados chegam a mais de 6.000 e mais de 800, respectivamente.
Laerke e a porta-voz da OMS, Margaret Harris, alertaram que a superlotação de abrigos e os problemas de fornecimento de energia elétrica em Gaza, onde há eletricidade por cerca de seis a oito horas por dia, representam um risco para a saúde pública, em um momento especialmente sensível devido à pandemia de Covid-19.
“O distanciamento físico é quase impossível, e os danos nas instalações de saúde aumentam o risco de um aumento da Covid-19 e de outras doenças”, alertou Harris.
A falta de perspectiva na vacinação contra a Covid-19 também é problemática, segundo a OMS. Em Israel, mais de 60% da população já tomou ao menos uma dose do imunizante, enquanto em Gaza o número gira em torno de 5%.
A porta-voz da OMS acrescentou que 91 ataques a instalações de saúde nos territórios palestinos (71 na Cisjordânia e 21 em Gaza) foram relatados desde o início do Ramadã, deixando pelo menos 41 trabalhadores feridos.
Os bombardeios na Faixa de Gaza atingiram 19 instalações de saúde, incluindo a destruição completa de uma clínica de cuidados primários e danos em seis hospitais, entre eles um cujas operações tiveram de ser completamente interrompidas.
Por sua vez, Laerke disse, citando fontes palestinas, que os ataques de forças israelenses atingiram 132 edifícios, destruindo mais de 600 casas e estabelecimentos comerciais e tornando outros 300 inabitáveis.
Entre as instalações que tiveram suas operações comprometidas pelos bombardeios israelenses está uma planta de dessalinização que permitia o fornecimento de água para cerca de 250.000 pessoas. Ao todo, cerca de 800.000 palestinos tiveram seu acesso à água comprometido.
Desde o início do mês do Ramadã, que terminou na última quarta, moradores árabes protestam contra a ameaça de expulsão de quatro famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel em 1967. Muitos temem que o despejo, classificado pela Organização das Nações Unidas como possível “crime de guerra”, abra precedentes para expulsões em larga escala.
O conflito atual foi desencadeado por confrontos ligados à situação de Sheikh Jarrah entre manifestantes palestinos e policiais israelenses na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, no fim de semana.
Em retaliação, o grupo Hamas disparou ao menos sete mísseis contra áreas do território israelense de Jerusalém na tarde de segunda-feira, 10, ato que terminou sem nenhum ferido. Israel revidou com foguetes e as agressões não pararam desde então.
A população da Faixa de Gaza é a mais atingida em conflitos como esse, principalmente porque vive em situação de grande fragilidade. Apesar da região ser controlada pelo Hamas, há muitas famílias e civis que vivem ali. A força militar de Israel também é muito superior a do grupo palestino.