O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi advertido por seus conselheiros de segurança nacional nesta terça-feira a não parabenizar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua reeleição, informou a imprensa americana nesta quarta-feira. O aviso incluía um recado em letras maiúsculas com os dizeres “NÃO CONGRATULAR”, segundo o jornal The Washington Post.
Trump, porém, decidiu telefonar para o líder russo nesta terça-feira, ignorando as recomendações de seus assessores. A conversa provocou críticas por causa do tom neutro do presidente americano contra um dos maiores rivais geopolíticos dos Estados Unidos, ainda mais em meio a uma investigação sobre a interferência da Rússia na eleição e os contatos da campanha Trump com a Rússia.
No telefonema, ao contrário do que havia sido recomendado, Trump não conversou com Putin sobre o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e de sua filha, Yulia, no Reino Unido. O governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, acusa o presidente russo de ter mandado assassinar o ex-agente duplo.
Ao longo de quarta-feira, a Casa Branca tentava identificar o autor do vazamento sobre as recomendações feitas a Trump por seus assessores. O caso expõe o clima particularmente tenso depois da sequência de saídas e demissões no governo americano ocorridas nos últimos meses.
Um funcionário de alto escalão disse à AFP que há medidas em curso para identificar o autor do vazamento. Outro deu a entender que o ato pode ter sido ilegal, se os documentos em questão tiverem sido classificados como “secretos”.
Ao se defender das críticas, Trump justificou que telefonou para Putin por “motivos estratégicos”.
“Liguei para o presidente Putin da Rússia para parabenizá-lo por sua vitória eleitoral (no passado, Obama também ligou). Os ‘fake news’ estão enlouquecidos porque queriam que eu o censurasse. Estão equivocados! Se dar bem com a Rússia (e outros) é algo bom, não é algo ruim”, disse o republicano no Twitter.
“[Eles] podem ajudar a resolver problemas com a Coreia do Norte, Síria, Ucrânia, Estado Islâmico e Irã, inclusive a próxima corrida armamentista”, continuou. O presidente americano afirmou, ainda, que o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) tentou se dar bem com o Kremlin, mas não teve “inteligência suficiente” para ter sucesso na tarefa.
“(Barack) Obama e (Hillary) Clinton também tentaram, mas não tinham energia nem química. PAZ ATRAVÉS DA FORÇA!”, escreveu.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse na terça-feira que a ligação não teve nenhuma relação com a investigação sobre a intervenção russa nas eleições e ressaltou que os EUA não “operam em outros países”.
“O que sabemos é que Putin foi eleito no seu país, e isso é algo que não podemos ditar a eles, como eles operam. Só podemos focar na liberdade e na imparcialidade das nossas eleições”, afirmou.
(Com EFE)