O Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU) pediu na quinta-feira 7 o fim das hostilidades entre Turquia e a Síria. O Exército sírio combate grupos rebeldes que ocupam a província de Idlib, no noroeste do país, que receberam o reforço das tropas turcas.
Na mesma quinta-feira, as tropas leais ao presidente sírio, Bashar Assad, entravam na cidade estratégica de Saraqib, após a retirada em massa de opositores armados e de milhares de civis. Desde o início da ofensiva de Damasco para retomar a província de Idlib, 373 civis foram mortos e outros 490.000 fugiram de suas casas e rumaram em direção à fronteira turca.
“A abordagem do governo em expulsar grupos terroristas de Idlib cria um risco real de uma longa, sangrenta e prolongada batalha na fronteira turca”, disse o enviado especial da ONU à Síria, Geir O. Pedersen. Outros representantes no Conselho de Segurança classificaram a situação em Idlib como “sinônimo de carnificina”.
Enquanto as cidades e vilarejos ao sul da capital de Idlib se esvaziaram ao longo de dois meses, cerca de 150.000 pessoas fugiram apenas nas duas últimas semanas. As regiões próximas da fronteira com a Turquia sofrem com superlotação e falta de insumos básicos e atendimento médico.
Saraqib é estratégica, pois nela duas rodovias que percorrem toda a província de Idlib, que convergem na cidade. Logo após a tomada, o grupo jihadista Tahrir Sham (HTS) realizou um contra-ataque em um vilarejo próximo, mas logo foi repelido.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 53 hospitais e postos de saúde tiveram suas atividades interrompidas devido aos combates entre oposição e governo. A ONU, aliada a outras organizações humanitárias, enviou à região 1.227 caminhões com ajuda humanitária somente em janeiro.
“Essa é a maior ajuda que a ONU enviou através da fronteira em qualquer mês desde que a operação foi autorizada em 2014”, afirmou o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Mark Lowcock. “Nossa equipe continua a dialogar com todos os lados para conseguir acesso ao território e atender as pessoas em necessidade”.
Nomeada como “Operação Idlib”, a ofensiva de Assad contra o último território dominado pelo rebelde Exército da Síria Livre (FSA), o Frente Al-Nusra, braço armado da Al Qaeda na Síria e a HTS, criada em 2017 por dissidentes da Al-Nusra, vêm ganhando terreno rapidamente e se aproximando da cidade de Idlib.
O avanço parou brevemente em janeiro, quando a Turquia negociou um cessar-fogo com Damasco em 9 de janeiro. Assad violou o acordo três dias depois. A Turquia, então, começou a enviar seu aparato militar a Idlib e reforçar posições estratégicas ao longo da província. Em 3 de fevereiro, o SAA e o Exército turco entraram em combate e dezenas de militares foram mortos.
O presidente da Turquia, Recep Erdogan, ameaçou retaliar Damasco caso Assad não cumpra o cessar-fogo e retire suas tropas à posições pré-estabelecidas no acordo de Sochi, proposto pela Rússia em outubro de 2019 em meio à invasão turca no nordeste da Síria, até o fim de fevereiro.