Contra protestos, líder do Irã diz que República Islâmica é inabalável
Pelo menos 200 pessoas foram mortas na repressão contra os protestos por direitos da mulher, inclusive adolescentes, segundo grupos de direitos humanos
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse nesta sexta-feira, 14, que ninguém pode acabar com a República Islâmica. Essa foi sua advertência mais dura às manifestações que acontecem há quatro semanas em todo o país pela morte da jovem de 20 anos Mahsa Amini sob custódia policial.
“(A República Islâmica) é uma árvore poderosa agora e ninguém deve ousar pensar que pode arrancá-la”, disse o aiatolá à TV estatal.
Após a morte da mulher iraniana, presa por utilizar seu hijab, lenço islâmico, de maneira “imprópria”, manifestações ao redor do mundo começaram a pedir pela queda de Khamenei e pela “Morte à República Islâmica”. Mesmo que a agitação ainda não tenha derrubado o regime extremista, os protestos são os mais ousados desde a revolução de 1979.
Grupos de direitos humanos dizem que mais de 200 pessoas foram mortas na repressão contra os protestos, incluindo adolescentes. A Anistia Internacional afirma que pelo menos 23 adolescentes morreram.
Alguns dos ataques mais violentos aconteceram em áreas que abrigam minorias étnicas com queixas de longa data contra o Estado, como curdos no noroeste e baluchis no sudeste. Mesmo que o país negue, grupos de direitos humanos dizem que minorias, incluindo curdos e árabes, enfrentam discriminação da maioria persa há muito tempo.
Autoridades negam que as forças de segurança tenham matado manifestantes. O Irã atribui a violência a inimigos em casa e no exterior, incluindo separatistas armados pelos Estados Unidos e por Israel, acusando-os de conspirar contra a República Islâmica.
A TV estatal informou que pelo menos 26 membros das forças de segurança foram mortos. Além disso, mostrou comícios pró-governo em Teerã para o aniversário do profeta islâmico Mohammad.
Embora muitas autoridades tenham adotado um tom intolerante ao falar sobre os protestos, um alto conselheiro de Khamenei fez uma crítica rara ao Estado e questionou se a polícia deveria impor o uso do hijab.
Potências ocidentais condenaram a morte de Mahsa Amini e a repressão contra os protestos, impondo novas sanções às autoridades iranianas. Os Estados Unidos, no entanto, esforçam-se para dosar as punições, pois também tentam reviver um importante acordo nuclear com Teerã, paralisado desde 2015.