Contra reforma de Macron, 1,2 milhão de manifestantes tomam ruas da França
Sindicatos acreditam que movimentação seja a maior demonstração de força contra projeto de lei que, entre outros pontos, aumenta idade da aposentadoria
Em mais uma nova rodada de protestos, centenas de milhares de manifestantes se reuniram em ruas de toda França nesta terça-feira, 7, contra a reforma da Previdência defendida pelo presidente Emmanuel Macron. De acordo com o Ministério do Interior, ao menos 1,28 milhão de manifestantes se juntaram aos atos, que contou com bloqueio de refinarias, viagens de trens canceladas, escolas fechadas e ameaça de prorrogação das paralisações até a retirada do projeto de lei, que aumenta a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos.
Com as ondas de manifestações em todo o país, os sindicatos acreditam que a movimentação seja a maior demonstração de força contra a proposta. Os grupos estimam que 3,5 milhões de pessoas protestaram nesta terça-feira, superando a mobilização de 31 de janeiro, que reuniu 1,27 milhão de pessoas, segundo o governo, e 2,8 milhões, segundo os sindicatos.
Mais de 250 protestos foram realizados no país, com destaques para atos em Paris, Marselha e Nice, em resposta ao projeto de lei, que entra em debate no Senado nesta semana.
Trabalhadores de serviços públicos e motoristas de trem abandonaram seus postos nesta terça-feira para expressar a raiva pela reforma. Na capital francesa, os manifestantes se reuniram enquanto entoavam palavras de ordem. A ativista Sarah Durieux, de 38 anos, comentou à agência de notícias Associated Press que os protestos se estenderam além de sua agenda inicial, atraindo ativistas climáticos, feministas e estudantes.
“Ver tantas pessoas hoje me dá esperança”, disse. “O movimento se espalhou porque defender os direitos dos trabalhadores significa defender um modelo social baseado na solidariedade”.
Diversos sindicatos ameaçaram congelar a economia francesa com paralisações em vários setores e uma greve indefinida na autoridade ferroviária nacional SNCF. Segundo Philippe Martinez, chefe da união sindical Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), afirmou à emissora de notícias FranceInfo que “o objetivo é que o governo retire seu projeto de reforma”.
Para grande parte dos trabalhadores e eleitores, a implementação da reforma é uma ameaça direta aos direitos conquistados pela população. O plano impopular promete tornar a economia francesa globalmente competitiva e, para isso, seria necessário aumentar a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos. Além disso, passaria a ser necessário prestar, no mínimo, 43 anos de serviço para o recebimento integral da pensão.
O plano está sendo debatido no Senado, que é liderado por conservadores, e deve ser votado até o final desta semana. Com o aumento da pressão, os sindicatos esperam que a medida seja derrubada.
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No Aeroporto Charles de Gaulle de Paris, um quinto dos voos foram cancelados, enquanto que no Aeroporto de Orly, cerca de um terço dos voos foram interrompidos. A autoridade ferroviária SNCF disse que espera-se que os trens para a Alemanha e a Espanha parem, e os de e para a Grã-Bretanha e a Bélgica sejam reduzidos em um terço.
O transporte público e outros serviços foram interrompidos na maioria das cidades francesas. Em Paris, a Torre Eiffel foi fechada, assim como o Palácio de Versalhes, a oeste da capital.
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De acordo com o Ministério da Educação, cerca de um terço dos professores estava em greve em todo o país. O governo também incentivou as pessoas a trabalharem de casa, caso fosse possível.