COP28: Países ricos aceitam custear fundo contra desastres climáticos
Apesar de dúvidas sobre durabilidade, acordo sobre perdas e danos gera otimismo, segundo especialistas
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28) começou nesta quinta-feira, 30, em Dubai, e já conta com a validação de um acordo histórico, no qual as nações mais ricas vão destinar mais de US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões) para o fundo climático de perdas e danos, que vai financiar medidas de adaptação dos países mais pobres e em desenvolvimento ao aquecimento global.
O custeio vai ser um impulso inicial para o mundo se adequar aos desafios das mudanças ambientais. Mais da metade do orçamento multimilionário ficará a cargo da União Europeia (UE).
- O país anfitrião, os Emirados Árabes Unidos, prometeu US$ 100 milhões (R$ 489 milhões).
- A UE vai destinar US$ 245 milhões (R$ 1,2 bilhões), incluindo US$ 100 milhões da Alemanha e US$ 75 milhões do Reino Unido.
- A outra parte restante ficou por conta dos Estados Unidos, com US$ 24,5 milhões (R$ 117 milhões), e mais US$ 10 milhões do Japão (R$ 49 bilhões).
“A adoção das recomendações do comitê sobre o fundo de perdas e danos é um passo muito importante e com um peso significativo por acontecer logo no começo da COP28. As negociações ao longo do ano foram duras, o resultado final não foi exatamente aquele desejado pelos países mais pobres e vulneráveis, mas o fato de os países terem concordado com a estrutura proposta para o fundo na primeira plenária mostra que existe a disposição dos governos para finalmente viabilizar uma resposta financeira para as perdas e danos decorrentes da mudança do clima”, diz Bruno Toledo, professor de relações internacionais e analista do Instituto ClimaInfo.
A resolução não prevê, no entanto, uma escala de reposição das quantias, o que preocupa os ambientalistas e levanta questionamentos sobre a durabilidade do pacto. A ideia do fundo é acompanhar os custos crescentes causados por condições climáticas extremas e desastres de início lento, como o aumento do nível do mar, a acidificação dos oceanos e o derretimento de geleiras.
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Ao conseguir esse feito sem precedentes, a presidência da COP28 tira um pouco do estigma conflitante que rondou o período anterior ao evento. Muito foi dito sobre os interesses dos Emirados Árabes em usar a conferência para negociações das estatais de gás e petróleo, algo que não se confirmou nesta abertura.
“As notícias de hoje sobre o acordo de perdas e danos dão a esta conferência da ONU um impulso para os governos, e os seus negociadores devem usar isto como um mentor para alcançar resultados verdadeiramente ambiciosos aqui no Dubai”, disse o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Simon Stiell.
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O que esperar dos próximos dias?
Com a presença do rei Charles III, do Reino Unido, que será responsável pelo discurso inicial ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do presidente dos Emirados Árabes Unidos, Xeque Mohammed bin. Zayed Al Nahyan, outros 160 chefes de Estado são aguardados para a grande cerimônia desta sexta-feira, 1.
É esperado que os próximos dias sejam tomados por conversas sobre os cainhos possíveis e urgentes para frear o aquecimento global a menos de 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, depois do ano mais quente que a humanidade já viveu.
As baixas confirmadas são do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, líderes dos maiores emissores de carbono do mundo, que enviaram seus representantes.
Um relatório lançado no último dia 28 pela University of Delaware, nos Estados Unidos, mostra que a mudança climática causou uma perda do PIB global de 1,8%, ou US$ 1,5 trilhão, em 2022. O estudo apontou que os países menos desenvolvidos sofrem os maiores impactos, tendo sido expostos a uma perda média do PIB ponderada pela população de 8,3%.