A Coreia do Norte disse nesta terça-feira que endereçou recentemente um “pacote de presente” aos Estados Unidos, referindo-se ao teste com uma bomba de hidrogênio realizado no sábado (domingo no horário local), e afirmou que mais virão em seguida. “As recentes medidas de autodefesa do meu país são pacotes de presente endereçados a ninguém mais que os Estados Unidos”, disse Han Tae Song, embaixador da Coreia do Norte na Organização das Nações Unidas (ONU).
Song fez a declaração em pronunciamento à Conferência do Desarmamento promovida pela ONU em Genebra, logo depois que seu país conduziu seu sexto e maior teste nuclear até o momento. “Os Estados Unidos continuarão a receber mais pacotes de presente do meu país enquanto continuarem recorrendo a provocações imprudentes e tentativas fúteis de colocar pressão na Coreia do Norte”, disse.
A bomba de hidrogênio que Pyongyang afirma ter testado com sucesso tinha potência de 50 quilotons, cinco vezes mais que o teste norte-coreano anterior e três vezes mais que a bomba lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima em 1945, de acordo com fontes sul-coreanas. A Coreia do Norte poderia ter agora a tecnologia para montar uma bomba atômica em um míssil com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos.
Europa sob alcance
Enquanto a Coreia do Norte reforça as ameaças contra os Estados Unidos, a ministra de Defesa da França, Florence Parly, alertou que o país asiático pode desenvolver mísseis balísticos capazes de alcançar a Europa antes do esperado. “O cenário de uma escalada em direção a um grande conflito não pode ser descartado”, disse Parly, em discurso para as Forças Armadas francesas.
“A Europa arrisca estar sob alcance dos mísseis de Kim Jong-un mais cedo do que o esperado”, disse.
“Catástrofe planetária”
O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu nesta terça-feira que a “histeria militar” a respeito da Coreia do Norte “pode levar a uma catástrofe planetária”, e chamou de “inútil e ineficaz” o recurso a novas sanções contra Pyongyang. A postura deve provocar um novo confronto entre Moscou e Washington, que defendeu sanções “mais fortes possíveis”. Os norte-coreanos “não vão renunciar a seu programa nuclear caso não sintam que estão em segurança. Portanto é necessário abrir um diálogo entre as partes interessadas”, defendeu Putin.
Após o teste nuclear de Pyongyang, o governo dos Estados Unidos, seus aliados europeus e o Japão anunciaram na segunda-feira que negociam severas sanções da ONU contra a Coreia do Norte.
O governo da China advertiu nesta terça-feira que as sanções contra a Coreia do Norte não solucionarão a crise na península se outras formas de aliviar a tensão não forem abertas. Para resolver o conflito, “a força militar nunca é uma opção e as sanções por si só não oferecem uma saída”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, em entrevista coletiva.
Resposta sul-coreana
Como resposta ao teste nuclear de domingo, a Coreia do Sul iniciou na segunda-feira manobras terrestres com munição real. A marinha sul-coreana conduziu um exercício em águas próximas a costa leste do país nesta terça-feira.
O ministro da Defesa de Seul disse hoje que navios de guerra participaram do exercício que tem como intuito retaliar as provocações de Pyongyang. Seul diz que mais exercícios navais devem acontecer de quarta-feira a sábado.
Sanções
Um novo pacote de sanções apresentado por Washington – o oitavo – será negociado nos próximos dias, antes de ser votado no Conselho de Segurança em 11 de setembro, anunciou em Nova York a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley.
No início de agosto, as mais recentes resoluções com sanções a Pyongyang – cada vez mais severas que as anteriores – foram aprovadas de maneira unânime pelos 15 membros do Conselho de Segurança. De acordo com fontes diplomáticas, as novas medidas negociadas esta semana poderiam afetar o petróleo, o turismo, o reenvio ao país dos trabalhadores norte-coreanos no exterior e decisões no âmbito diplomático.
(com agências internacionais)