A KCNA, agência de notícias estatal da Coreia do Norte, disse, nesta segunda-feira, 10, que sua recente enxurrada de testes de mísseis foi projetada para simular ataques ao Sul com armas nucleares táticas. O aviso ocorre após a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizarem exercícios navais em larga escala.
A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos na manhã de domingo 9, segundo autoridades em Seul e Tóquio, o sétimo teste desse tipo desde 25 de setembro.
A KCNA informou que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, guiou exercícios por unidades táticas nucleares nas últimas duas semanas, dizendo que os testes deveriam transmitir uma forte mensagem de dissuasão de guerra.
Os exercícios simularam ataques a instalações de comando militar, principais portos e aeroportos na Coreia do Sul, acrescentou a KCNA.
“A eficácia e a capacidade prática de combate de nossa força nuclear foram totalmente demonstradas, pois está completamente pronta para atingir e destruir alvos a qualquer momento e em qualquer local”, disse a KCNA.
“Mesmo que o inimigo continue a falar sobre diálogo e negociações, não temos nada para falar nem sentimos a necessidade de fazê-lo”, disse Kim, segundo a KCNA.
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A KCNA disse que o Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte decidiu realizar os exercícios como resposta à mobilização em larga escala das forças navais dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, incluindo um porta-aviões e um submarino de propulsão nuclear, em um exercício marítimo conjunto na sexta-feira 7.
Se a Coreia do Norte retomar os testes nucleares, isso pode incluir o desenvolvimento de ogivas “táticas” menores, destinadas ao uso no campo de batalha e projetadas para caber em mísseis de curto alcance, como os testados recentemente. Autoridades sul-coreanas e americanas dizem que há sinais de que a Coreia do Norte poderá detonar em breve um novo dispositivo nuclear em túneis subterrâneos no local de testes nucleares de Punggye-ri, que foi oficialmente fechado em 2018.
Após a declaração da Coreia do Norte na segunda-feira, o gabinete do presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, disse que “é importante reconhecer com precisão a gravidade dos problemas de segurança na Península Coreana e no nordeste da Ásia para nos prepararmos adequadamente”.
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O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, condenou os recentes lançamentos de mísseis de Pyongyang e prometeu trabalhar para “a desnuclearização completa da Coreia do Norte de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
“Esta série de mísseis balísticos e esses vários atos provocativos violam claramente as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e são absolutamente inaceitáveis”, disse Kishida a repórteres.
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As forças das Nações Unidas, lideradas pelos Estados Unidos, ainda estão tecnicamente em guerra com a Coreia do Norte, já que a Guerra da Coreia (1950-1953) terminou em um armistício em vez de um tratado de paz.