‘Coreia do Sul deveria calar a boca’, diz Norte ao negar auxílio econômico
Mesmo sofrendo com escassez de alimentos, governo norte-coreano rejeitou ajuda do país vizinho por se recusar a frear programa de armas nucleares
O governo da Coreia do Norte rejeitou a oferta de ajuda econômica oferecida pela Coreia do Sul, que passa por uma aguda crise econômica. Kim Yo-jong, irmã do líder Kim Jong-un, classificou a proposta como “absurda” por impor a desnuclerização do país como condição para o acordo.
“Ninguém troca seu destino por bolo de milho”, disse Yo-jong em um comunicado divulgado pela agência de notícias estatal KCNA nesta sexta-feira, 19. A irmã mais nova do líder norte-coreano ocupa um alto cargo no departamento de propaganda do governo e é apontada como potencial sucessora de Jong-un na presidência.
Embora ela tenha admitido que o país estava lidando com escassez de alimentos, Yo-jong rejeitou a proposta do país vizinho sugerindo que a oferta era “simples e infantil” e que o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, deveria “calar a boca”.
A autoridade ainda reforçou que Pyongyang não irá recuar no desenvolvimento de armas nucleares.
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O gabinete presidencial da Coreia do Sul disse que lamentava os comentários “grosseiros” do governo norte-coreano, mas insistiu que a proposta ainda está de pé. “A atitude da Coreia do Norte não é de forma alguma útil para a paz e a prosperidade da península coreana, bem como para o seu próprio futuro”, afirmou um porta-voz do governo sul-coreano.
Em maio, Yoon Suk-yeol disse que a Coreia do Sul estava preparada para apresentar o que chamou de “plano audacioso” que fortaleceria a economia da Coreia do Norte e melhoraria a qualidade de vida de seu povo.
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Em uma coletiva de imprensa marcando seus primeiros 100 dias no cargo na quarta-feira, 17, o líder sul-coreano reiterou que estava disposto a fornecer ajuda econômica em fases ao Norte se tomasse medidas para a desnuclearização.
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Pyongyang realizou testes regulares de mísseis ao longo dos anos. No mês passado, Kim disse que o país estava pronto para um confronto militar com os Estados Unidos e preparado para mobilizar suas forças nucleares.
Seul e Washington classificaram o anúncio como “séria provocação que prejudica a paz e a estabilidade” e prometeram adotar linha dura contra a Coreia do Norte, realizando exercícios militares conjuntos nos arredores da península coreana como resposta.
A Coreia foi dividida entre o norte e o sul desde o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. Os dois lados permanecem tecnicamente em guerra depois que um conflito terminou com um armistício em 1953.
No ano passado, o relator especial das Nações Unidas para direitos humanos no país, Tomas Ojea Quintana, disse que os norte-coreanos estavam lutando para “viver uma vida digna”, enquanto as sanções dos Estados Unidos e as queda nas importações induzida pela Covid-19 agravaram a escassez de alimentos.
Se a economia da democrática Coreia do Sul prosperou nas últimas décadas, o Norte, governado por um regime autoritário comunista, sempre lutou contra a escassez de alimentos. Também enfrentou consistentemente sanções internacionais por causa de seu programa nuclear.