Cerca de 150 membros da família real da Arábia Saudita contraíram o coronavírus até esta quarta-feira, 8. O hospital de elite Rei Faisal, na capital Riad, disse estar preparando até 500 leitos para o fluxo da nobreza saudita.
O “alerta máximo” do Ministério da Saúde, obtido pelo jornal americano The New York Times, dizia que “todos os pacientes crônicos serão removidos o mais rápido possível”, enquanto funcionários infectados seriam tratados em outros lugares, para dar espaço à realeza. A família real inclui milhares de príncipes. Acredita-se que alguns tenham trazido o coronavírus ao Reino de suas viagens rotineiras à Europa.
O ministro da Saúde, Tawfiq al-Rabiah, havia pouco antes advertido que a epidemia estava apenas começando e que o número de infecções nas próximas semanas “variará de um mínimo de 10.000 a um máximo de 200.000”. O país já tem 3.122 casos confirmados e 41 mortes pela Covid-19, doença causada pelo coronavírus.
O hospital Rei Faisal confirmou que o governador de Riad e sobrinho do rei, o príncipe Faisal bin Bandar bin Abdulaziz Al Saud, está na UTI devido à doença. O rei Salman, 84 anos, se isolou em um palácio em uma ilha no Mar Vermelho. Seu filho, o governante de fato e príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, de 34 anos, foi com muitos de seus ministros para um local remoto na mesma ilha.
Segundo o Times, esse contágio real mostra que os ricos e poderosos não são imunes à Covid-19 – mas têm acesso privilegiado a testes e tratamento. Além disso, depois da doença espalhar-se pela nobreza saudita, aumentou a velocidade da resposta do reino à pandemia.
Antes mesmo da Arábia Saudita confirmar seu primeiro caso, em 2 de março, governantes começaram a restringir viagens ao país e proibiram as peregrinações a Meca e Medina. Agora, as autoridades baniram todo tráfego aéreo e terrestre entre países e entre províncias internas, e as maiores cidades estão sob bloqueio total.
Além disso, a grande peregrinação anual a Meca, prevista para 28 de julho, deve ser cancelada. Chamada de Haje, a peregrinação é um sustentáculo do islamismo e atrai cerca de 2,5 milhões muçulmanos. O evento ocorre todos os anos sem interrupção desde 1798, quando Napoleão invadiu o Egito.