As autoridades da Coreia do Norte divulgaram a alguns cidadãos que, desde o final de março pelo menos, há casos confirmados da Covid-19 no país, segundo a Radio Free Asia, uma organização financiada pelo governo dos Estados Unidos. A situação contrasta com as alegações de Pyongyang à comunidade internacional e à Organização Mundial da Saúde (OMS) de que não houve nenhum enfermo nem morto confirmado no país.
Como reportou a Radio Free Asia na sexta-feira 17, com base em em duas fontes, a divulgação da existência de casos da Covid-19 na Coreia do Norte se deu por meio de “palestras públicas”. Os palestrantes informaram organizações e grupos de vigilância de bairro sobre os casos confirmados na cidade de Pyongyang e em outras duas provínicias. As autoridades, porém, não deram àqueles agrupamentos civis os números de casos nem de mortes em decorrência da doença no país.
A mídia estatal KCNA, porém, informou no sábado 18 que as autoridades norte coreanas estavam “investigando se ainda há brecha para a entrada de doenças infecciosas” até que a pandemia esteja sob controle, em uma insinuação de inexistência de casos no país.
Como medida de prevenção, Pyongyang já impôs quarentena de 30 dias a estrangeiros de qualquer um dos mais de 150 país que já reportaram à OMS casos da Covid-19. A ditadura ainda expulsou dezenas de diplomatas no início de março.
O SARS-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19, já infectou mais de 2,2 milhões de pessoas e matou cerca de 150.000 em todo o mundo, segundo a OMS. A Coreia do Norte aparece sem nenhum caso no relatório mais recente da organização internacional, publicado nesta segunda-feira, 20.
Como na Sars
O médico e refugiado norte coreano Choi Jung Hun, familiarizado com o regime ditatorial e o sistema de saúde na Coreia do Norte, que questiona a inexistência de casos da Covid-19. Em entrevista à agência de notícias americana AP, ele afirmou que, durante a pandemia da SARS, no início dos anos 2000, as autoridades de saúde locais não eram obrigadas a confirmar os casos da doença nem a repassá-los a Pyongyang.
O médico, que trabalhou na cidade de Chongjin durante a pandemia da SARS, ainda afirmou que um termômetro era praticamente o seu único equipamento para definir quais pacientes eram levados à quarentena.
O atual ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ainda não estava no poder naquele período. Quem governava o país era seu pai e antecessor, Kim Jong-il, morto em 2011, segundo o regime norte coreano.
(Com Reuters)