Em isolamento social desde o início de março para conter o avanço dos surtos de Covid-19, milhares de peruanos estão fugindo dos centros urbanos do país devido a problemas financeiros. Embora o governo de Martín Vizcarra tenha aprovado o empréstimo de 300 milhões de soles peruanos (488 milhões de reais) a pequenas e médias empresas, uma pesquisa do think tank Instituto de Estudos Peruanos aponta que mais de 30% dos peruanos estão desempregados.
Pelo menos 167.000 de pessoas entraram com um pedido oficial às autoridades locais, como demanda o governo peruano, para poder deixar os centros urbanos.
O medo dos surtos da Covid-19 também está entre os principais motivos do êxodo. Dentre os cerca de 37.000 casos confirmados no Peru — que é o segundo país na América do Sul mais atingido pela pandemia em número de enfermos, depois do Brasil —, mais de 60% se concentra na capital, Lima. Ao todo, mais de 1.000 pessoas morreram em decorência da Covid-19 no Peru.
Para impedir o avanço da doença no país, o governo permite sair das cidades apenas aqueles que testarem negativo para o SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Famílias estão dormindo nas ruas de Lima enquanto aguardam a oportunidade de serem testadas.
O presidente do Conselho de Ministros do Peru, Vicente Zeballos, anunciou na semana passada que apenas cerca de 2% dos requerentes conseguiram sair das cidades.
O êxodo urbano em meio à pandemia tem sido visto em outros países. Apenas na província indiana de Uttar Pradesh, com uma população de 200 milhões de habitantes, o governo local mobilizou mais de 1.000 ônibus para levar as pessoas ao interior.
A situação rompe com o processo de urbanização do Peru, onde apenas 46% das pessoas viviam em centros urbanos em 1960, segundo estimativa do Banco Mundial. Em 2018, mais de 77% dos cerca de 30 milhões de habitantes do Peru moravam nas cidades.
Desemprego
Mais de 30% dos peruanos estão desempregados em meio à pandemia, indica uma pesquisa do think tank Instituto de Estudos Peruanos realizada entre 16 e 22 de abril. A taxa de desemprego chega a 60% entre os mais pobres.
Além disso, segundo a pesquisa, 67% dos peruanos consideram que a pandemia “impactou muito” a sua segurança financeira. Apenas 12% acredita que houve “pouco” ou “nenhum” impacto. Para compensar a crise econômica, o governo aprovado o empréstimo de 300 milhões de soles peruanos (488 milhões de reais) a pequenas e médias empresas.
O isolamento social, em vigor no país desde o início de março, foi estendido por Vizcarra no final de abril para até 10 de maio.