Covid-19: Rússia inicia última fase de testes de vacina com 30.000 pessoas
Moscou já liberou o 1º lote da vacina para a população geral na terça-feira 8, antes mesmo de concluir a etapa final de testagem
A Rússia começou nesta quarta-feira, 9, a última etapa de testes de sua principal vacina nacional contra a Covid-19, envolvendo mais de 30.000 habitantes da capital, Moscou, segundo autoridades municipais e federais. Antes mesmo do início da fase final, o governo russo já distribuiu o primeiro lote da vacina, chamada de Sputnik V, em homenagem ao primeiro satélite artificial da história.
“Os primeiros participantes foram vacinados hoje em estabelecimentos médicos da capital”, disse em comunicado a vice-prefeita moscovita, Anastasia Rakova.
“Hoje é um dia importante não apenas para a cidade, mas para todo o país”, concluiu a vice-prefeita.
Segundo a agência de notícias estatal Tass, o ministro da Saúde, Mikhail Murashko, divulgou que, para essa etapa de testagem final, já foram recrutados 31.000 voluntários, de um total de 40.000 previstos pelo governo federal em agosto.
As autoridades não revelaram quantos voluntários já foram vacinados neste primeiro dia de testes da Sputnik V. Todos eles receberão ainda uma segunda dose 21 dias depois da primeira, explicou Rakova.
O Kremlin afirma desde o início de agosto ter desenvolvido, por meio do centro de pesquisas estatal Nikolai-Gamaleia, a primeira vacina contra a Covid-19 em todo o mundo. O próprio presidente russo, Vladimir Putin, disse que uma de suas filhas já havia sido vacinada.
Mesmo antes do início dessa última fase de testes, o governo russo já começou no início da semana a distribuir o primeiro lote da Sputnik V, divulgou o jornal independente russo The Moscow Times.
“O primeiro lote da vacina… passou pelos testes de qualidade necessários… e foi liberado para circulação civil”, anunciou o Ministério da Saúde na terça-feira 8.
Antes do início das entregas, Murashko havia dito que a primeira leva seria “pequena” e direcionada em especial a profissionais da área da saúde e a professores.
O desenvolvimento da vacina russa é visto pela comunidade internacional com ceticismo. O periódico científico The Lancet publicou na sexta-feira 4 um artigo que aponta “padrões estranhos”, como valores idênticos para grupos distintos, nas primeiras fases de testagem.
Apesar disso, mais de 20 países solicitaram a compra de um bilhão de doses da Sputnik V, de acordo com as autoridades russas.
A corrida pelo desenvolvimento sofreu um revés na terça-feira, após a Universidade de Oxford, no Reino Unido, suspender os testes clínicos de sua vacina em parceria com o grupo farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca, para analisar um possível efeito colateral grave em um participante.
Putin responde
Também nesta quarta-feira, o Kremlin revelou que, pela primeira vez em quase uma década, Putin cancelou sua tradicional sessão anual de perguntas e respostas com a população russa pela televisão.
No evento, que dura horas e é realizado desde 2001, com exceção para os anos de 2004 e 2012, Putin ouve e responde ao vivo reclamações da população.
“Pode-se dizer que, nos últimos meses, o presidente tem mantido contato direto com a população”, justificou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em referência à forma como o presidente russo tem lidado com a pandemia da Covid-19.
Desde março, Putin tem realizado a maioria de suas reuniões por videoconferência e tem multiplicado as conversas sobre problemas diários com os governadores das regiões russas.
De acordo com Peskov, alguns elementos da “linha direta” também poderão ser incluídos na tradicional coletiva de imprensa presidencial em dezembro.
(Com AFP)