Primeiro epicentro da pandemia da Covid-19 e região mais atingida pela doença em toda a China, a província de Hubei retomará as atividades do ensino médio a partir de 6 de maio. A medida, que se dá em meio a questionamentos na comunidade internacional sobre a transparência das autoridades chinesas na situação dos surtos da Covid-19 no país, se aplica apenas aos alunos em ano de formatura para que eles possam se preparar para a prova de ingresso à faculdade, marcada para o início julho.
Fechados desde janeiro para controlar o avanço da Covid-19, os centros de ensino chineses já foram reabertos em outras províncias chinesas, como Henan, desde o início de abril. A capital, Pequim, porém, as escolas permanecem fechadas. O primeiro caso de contaminação por coronavírus, porém, deu-se justamente em Wuhan, capital de Hubei.
As autoridades chinesas adiaram em cerca de um mês o dia de realização do “Enem chinês”, conhecido como Gaokao, para 7 de julho.
Com mais de 59 milhões de habitantes, segundo relatório da Agência Nacional de Estatísticas chinesa referente a 2017, Hubei é a província chinesa mais afetada pela pandemia e concentra cerca de 80% dos mais de 80.000 casos confirmados no país e 97% das mais de 4.600 mortes.
Antes da retomada das atividades escolares em qualquer região do país, como reporta o jornal americano The Washington Post, as autoridades chinesas permitiram o retorno de cerca de 11 milhões de pessoas ao trabalho em 8 de abril para reaquecer a economia — o Produto Interno Bruto chinês despencou em 6,8% no 1º trimestre de 2020.
As autoridades da China reportaram à Organização Mundial da Saúde (OMS) até esta segunda-feira, 20, 84.237 casos confirmados e 4.642 mortes. Desde uma revisão estatística na sexta 17, a China reporta menos de 40 enfermos novos por dia.
Transparência
O país negou nesta segunda-feira o pedido do governo da Austrália para uma investigação internacional sobre como a pandemia foi tratada pelo governo chinês. De fato, a China é criticada pela comunidade por sua falta de transparência em meio à pandemia, em especial nos primeiros surtos, no final de dezembro em Wuhan.
“Precisamos saber detalhes que apenas um relatório independente pode nos permitir entender sobre a origem do vírus e sobre a transparência com a qual as informações foram compartilhadas”, defende a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne.
Um mercado onde se vendia animais selvagens ainda vivos em Wuhan é acusado de ser o local onde o SARS-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19, surgiu em dezembro de 2019.
A China também foi questionada nesta segunda pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “Quanto mais transparente a China for sobre a gênese do vírus, melhor será para todos neste planeta, para tirarmos lições”, estimou Merkel.
Outro líder que questiona a falta de transparência chinesa é o presidente da França, Emmanuel Macron. “Obviamente, houve coisas que não sabemos [sobre o início da pandemia, na China]”, disse Macron em entrevista entrevista ao jornal britânico Financial Times publicada em abril.
(Com AFP)