Estudo do Centro Internacional de Estudos da Radicalização, de Londres, constatou a presença de 4.761 mulheres e de 4.640 menores entre os militantes ativos do Exército Islâmico na Síria e no Iraque entre abril de 2013 e julho de 2018, segundo reportagem do jornal britânico The Guardian. Os dados indicam ainda que o número oficial dos que retornam ao Reino Unido está subestimado.
Dentre os estrangeiros nas fileiras do EI, as mulheres representam 13%, e os menores, 12%. Os autores do estudo “De Daesh à Diáspora: traçando as mulheres e os menores no Exército Islâmico” constataram que 850 cidadãos britânicos integraram o grupo extremista islâmico, dentre os quais 145 mulheres e 50 menores de idade.
Dos 425 que retornaram ao Reino Unido, diz a reportagem, apenas dois seriam mulheres e quatro, menores. Segundo os pesquisadores, as estatísticas oficiais não apontam o gênero nem a idade dessas pessoas, o que dificulta a identificação.
“Nós acreditamos que algumas mulheres estão agora relacionadas ao risco de segurança por muitos fatores. Isso inclui as funções delas na segurança física e o treinamento que algumas tiveram nos territórios controlados pelo EI, bem como o potencial de transferir para suas crianças ou de usar essas habilidades em outros lugares”, afirmou Joana Cook, uma das pesquisadoras, ao Guardian.
O estudo aponta que o papel das mulheres em combates mudou, com a maior abertura dentro do EI para elas pegarem em armas desde 2015. Em fevereiro, pela primeira vez, o comando divulgou um vídeo com imagens de uma mulher em combate no campo de batalha ao lado de homens.
“Ataques na França, Marrocos, Quênia, Indonésia e nos Estados Unidos sugerem que elas são de fato importantes, a ponto de serem consideradas como potenciais ameaças”, disse Cook.
De acordo com o Guardian, dez mulheres foram presas por tramar um ataque suicida durante as eleições parlamentares de outubro de 2016. Desse grupo, quatro teriam se casado com membros do EI no Iraque e na Síria pela internet.
No ano passado, o serviço de segurança do Reino Unido abortou um ataque no Museu Britânico, em Londres, e descobriu uma célula do terror formada exclusivamente por mulheres. Uma das participantes era Safaa Boular, adolescente inglesa que se casara com um combatente do EI pela internet e que tinha sido radicalizada por uma australiana na Síria.]
O estudo aponta os vários papéis das “noivas jihadistas”, entre os quais recrutar outras mulheres, coletar doações de dinheiro e disseminar propaganda. Também conclui que, por trás das imagens de homens mascarados agitando a bandeira negra do EI, lutando em batalhas ou executando cenas de brutal violência e execuções, há a assistência de especialistas como juízes, médicos, engenheiros e de mulheres e menores de idade.
O Guardian cita estatísticas da Europol de que 96 mulheres foram presas em 2014 por crimes relacionados ao terrorismo. Em 2015, o número subiu para 171 e, no ano seguinte, para 180. Em 2017, caiu para 123.