Curdos fazem acordo com a Síria para responder à ofensiva turca
Turquia vem promovendo ataques contra as milícias curdas desde que os Estados Unidos decidiram retirar suas tropas do norte da Síria
A autoproclamada Administração Autônoma do Norte e do Leste da Síria, órgão executivo das milícias curdas que controlam ambas as regiões, anunciou neste domingo que o Exército da Síria será autorizado a ocupar áreas na fronteira com a Turquia para impedir a ofensiva militar iniciada pelo governo de Recep Tayyip Erdogan.
As autoridades curdas disseram em comunicado que a decisão de permitir a entrada de tropas sírias na região foi tomada após um acordo com o regime de Bashar al Assad, que não reconhece o governo autônomo que administra a área, quase toda controlada pelas Forças da Síria Democrática (SDF).
Segundo a nota, o Exército da Síria vai ajudar as SDF a “impedir a agressão” da Turquia e a “libertar” as áreas que já foram conquistadas durante a ofensiva promovida por Erdogan, como as cidades de Manjib e Ras al Ain.
Além disso, as autoridades curdas afirmaram que o acordo abre caminho para “libertar os demais territórios e cidades ocupadas pelos turcos”, citando especificamente Afrin, no noroeste da Síria, tomada em 2018.
A Turquia já promoveu outras ofensivas no norte da Síria contra as milícias curdas, consideradas pelo governo de Erdogan como terroristas, e agora quer expulsá-las de uma área na fronteira entre o país e a Síria. O objetivo é levar ao local os 3,5 milhões de refugiados sírios que fugiram para o território turco devido ao conflito na região.
O ataque turco começou depois que as forças americanas que apoiaram as SDF se retiraram de parte da fronteira entre a Síria e a Turquia. As SDF, um grande aliado dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, chamou o ato de uma facada nas costas.
Neste domingo, o secretário de Defesa americana, Mark Esper, disse que os Estados Unidos estavam prontos para retirar cerca de 1.000 soldados americanos do norte da Síria, depois de saber que a Turquia planejava estender sua incursão mais ao sul e oeste do que o planejado originalmente.
Outra consideração na decisão, segundo indicou o secretário de Defesa, foi que as Forças Democráticas da Síria estavam tentando fazer um acordo com a Rússia para combater a ofensiva turca.
(Com EFE e Reuters)