De Lorde a Mick Jagger, artistas desaprovam uso de músicas por políticos
Carta aberta exige que políticos peçam permissão para usar músicas para evitar "controvérsias públicas desnecessárias"
Uma série de artistas musicais, incluindo os cantores Mick Jagger, Lorde e Sia, assinaram nesta terça-feira, 28, uma carta aberta exigindo que políticos dos Estados Unidos obtenham permissão para usar músicas em campanhas publicitárias ou comícios. A demanda ocorre depois que muitos artistas manifestaram indignação por terem seus repertórios presentes em eventos da campanha de reeleição do presidente Donald Trump.
Produzida em parceria com a Artist Rights Alliance, organização de defesa dos direitos de artistas musicais, a carta pede a legisladores que “exijam que as campanhas busquem consentimento” de qualquer artista antes do uso de faixas.
“Esta é a única maneira de proteger efetivamente seus candidatos contra riscos legais, controvérsias públicas desnecessárias e o lamaçal moral resultante de reivindicar ou implicar falsamente o apoio de um artista, ou distorcer a expressão de um artista de maneira pública com altíssimo risco”, diz o texto.
Segundo os signatários, usar uma canção sem permissão é “desonesto e imoral”. Além disso, “pode comprometer os valores pessoais de um artista, enquanto desaponta e aliena os fãs – com grande custo moral e econômico”.
Outros artistas que assinaram a carta são Keith Richards, Alanis Morissette, Lionel Richie, Elvis Costello, Regina Spektor, Sheryl Crow e Steven Tyler. O texto faz, ainda, um ultimato: solicita um plano de ação até o dia 10 de agosto.
Embora o texto enfatize que utilizar músicas em campanhas sem percorrer os caminhos legais não é um problema partidário, a carta foi divulgada depois que muitos artistas expressaram indignação com o uso de suas músicas o pela campanha de Donald Trump – tanto na eleição de 2016 quanto em sua campanha de reeleição neste ano.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, astros do pop e do rock como os cantores Pharrell Williams, Elton John e Bruce Springsteen protestaram contra a associação de suas músicas com o republicano. Recentemente, o cantor e compositor country Neil Young disse que pretende processar Trump pelo uso continuado de seu sucesso de 1989, “Rockin’ in the Free World”, mesmo após ele pedir que o presidente parasse.
Em um evento de Trump no início deste mês no Monte Rushmore, na Dakota do Sul, duas músicas de Young – “Like a Hurricane”, além de “Rockin in the Free World” – foram pano de fundo de um discurso incendiário no qual o presidente alegou que a história dos Estados Unidos estava sendo atacada pelo “fascismo de extrema esquerda”, em referência às estátuas derrubadas de figuras históricas confederadas e escravistas.
O cantor country publicou no Twitter: “Isso não recebeu meu OK”.
Os Rolling Stones também ameaçaram processar a campanha do presidente caso continuasse usando suas músicas em comícios.
“Apesar de pedidos pela desistência de Donald Trump no passado, os Rolling Stones estão tomando medidas adicionais para proibi-lo de usar suas músicas em qualquer uma de suas futuras campanhas políticas”, disse um porta-voz no mês passado.
Apesar da raiva dos artistas pelo uso de suas obras, acordos gerais de licenciamento, que cobrem a maioria dos locais onde ocorrem os eventos de campanhas políticas, impedem a maioria dos recursos legais.