Defesa de ‘El Chapo’ diz que cartel subornou presidentes do México
Enrique Peña Nieto e seu antecessor, Felipe Calderón, negaram as acusações
O advogado do narcotraficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán, cujo processo começou nesta terça-feira, 13, em um tribunal de Nova York, afirmou que o Cartel de Sinaloa pagou subornos milionários ao atual presidente do México, Enrique Peña Nieto, e a seu antecessor, Felipe Calderón.
O advogado Jeffrey Lichtman também garantiu ao júri que o verdadeiro líder do Cartel de Sinaloa é Ismael “Mayo” Zambada, que jamais passou um dia na prisão e continua foragido, responsável pelo pagamento “ao atual e ao anterior presidentes do México (..) milhões de dólares em subornos”.
Felipe Calderón, que foi presidente do México entre 2006 e 2012, reagiu imediatamente afirmando que as declarações do advogado “são absolutamente falsas e temerárias”. “Nem El Chapo, nem o Cartel de Sinaloa ou qualquer outro realizou pagamentos para minha pessoa”, escreveu no Twitter.
Em seguida, um porta-voz do atual presidente em fim de mandato também usou o Twitter para rebater as acusações defesa de “El Chapo”. “O governo de Enrique Peña Nieto perseguiu, capturou e extraditou o criminoso Joaquín Guzmán Loera. As afirmações atribuídas ao seu advogado são completamente falsas e difamatórias”, escreveu Eduardo Sánchez, porta-voz da Presidência mexicana.
Peña Nieto assumiu o cargo em 2012 e o entregará em 1º de dezembro ao presidente eleito, Andrés Manuel López Obrador. Segundo o advogado do traficante, “a verdade é que “El Chapo” não controlava nada, e sim Mayo Zambada”.
“Mayo pode determinar quem será preso e quem a Polícia e o Exército devem matar”, afirmou Lichtman, um experiente advogado especializado em defender membros do crime organizado.
Lichtman destacou que nos últimos dois anos, desde que “El Chapo” foi extraditado para os Estados Unidos, “o fluxo de drogas não parou”. “O negócio continua como sempre”.
O advogado também atacou os antigos aliados do traficante que aderiram ao programa de delação premiada: “Estas testemunhas mataram promotores, tentaram matar presidentes (…), por que motivo o governo está indo tão longe, concedendo vistos para que permaneçam neste país, entre nós? Por que querem infectar este país com estes degenerados?! Porque “El Chapo” é o maior prêmio com o qual a promotoria sonha”.
Guzmán ouviu os argumentos de forma tranquila, com a ajuda de uma tradutora, após entrar no tribunal com o rosto sereno e jogar um beijo para sua mulher, Emma Coronel, de 29 anos, sentada entre o público. Acusado de enviar aos Estados Unidos 155 toneladas de cocaína e outras drogas, El Chapo pode ser condenado à prisão perpétua.