O Comitê Nacional Democrata adiou nesta quarta-feira, 17, em uma semana os planos para oficializar a candidatura do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em meio à pressão de membros do partido para que o líder americano desista da campanha e seja substituído por outro nome nas eleições de 5 de novembro. O evento será realizado, então, na primeira semana de agosto. O anúncio ocorre um dia depois do Partido Republicano bater o martelo sobre a candidatura do ex-presidente Donald Trump.
A profusão de apelos para que Biden abandone a corrida começou após seu desastroso desempenho no debate contra o ex-presidente, há quase três semanas. Com olhar perdido, gagueira e frases desconexas, o político de 81 anos aumentou a desconfiança de que não está apto para continuar por mais quatro anos no comando da Casa Branca.
As críticas foram renovadas na última quinta-feira 11, quando Biden confundiu o nome de sua vice, Kamala Harris, com o do seu rival. Os constantes deslizes foram responsáveis por descredibilizar sua imagem dentro do próprio partido. Quase dois terços dos eleitores democratas querem que ele desista da disputa, revelou uma pesquisa da agência de notícias Associated Press e NORC, divulgada nesta quarta-feira.
Entre os membros do Congresso, cresce o receio de que a intrincada posição política de Biden possa prejudicá-los nas disputas eleitorais em novembro. O senador Chuck Schumer, de Nova York, líder da maioria democrata; o deputado Jared Huffman, da Califórnia; e o deputado Adam Schiff, também da Califórnia, estão entre aqueles que pressionam pela saída do presidente do páreo.
“Nossa nação está em uma encruzilhada”, disse Schiff ao jornal The Los Angeles Times. “Uma segunda presidência de Trump minará a fundação da nossa democracia, e tenho sérias preocupações sobre se o presidente pode derrotar Donald Trump em novembro.”
+ Biden diz que pensaria em desistir de eleição em caso de ‘condição médica’
Biden: desistência apenas por “condição médica”
Em uma entrevista divulgada nesta quarta-feira 17, Biden afirmou que consideraria abandonar a corrida pela Casa Branca se surgisse uma “condição médica” diagnosticada que tornasse isso necessário. Ele reiterou que nenhum de seus médicos detectou problemas de saúde.
Kevin O’Connor, médico da Casa Branca, escreveu após o exame físico do presidente, em fevereiro, que ele é “um homem saudável, ativo e robusto de 81 anos que permanece apto para executar com sucesso as funções da presidência”. Questionado pelo jornalista Ed Gordon, da rede de notícias BET News, se havia algo que o poderia fazer reavaliar a permanência na corrida, o democrata respondeu: “Se eu tivesse alguma condição médica que surgisse… Se alguém, se os médicos viessem até mim e dissessem ‘você tem esse e aquele problema'”.
O comentário é o mais recente de uma série de explicações inconsistentes do presidente sobre o que poderia levá-lo à desistência. No início deste mês, ele disse à emissora americana ABC News que só abandonaria a eleição se a ordem viesse do “Deus todo-poderoso”. Já em coletiva de imprensa em Washington, dias depois, ele disse que permaneceria na corrida, a menos que seus assessores provassem que ele nunca poderia vencer.