Democratas querem que tradutora deponha sobre encontro Trump-Putin
Aproximação de líder americano com a Rússia despertou críticas e preocupação de legisladores em Washington
Parlamentares democratas pressionaram nesta quarta-feira (18) o Congresso americano a intimar a tradutora de Donald Trump a depor, em meio a um crescente sentimento de alarde sobre a reunião em Helsinque entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Vladimir Putin.
Os dois governantes participaram de uma negociação a portas fechadas de duas horas, sem que ninguém mais além de seus respectivos tradutores estivessem presentes. Os democratas dizem que a mulher que traduziu para Trump – bem como as notas que ela provavelmente tomou durante a reunião – poderiam fornecer informações críticas sobre o que aconteceu.
“Queremos que a tradutora compareça ao comitê. Queremos ver as anotações”, disse à emissora MSNBC o senador Bob Menendez, principal democrata do Comitê de Relações Exteriores do Senado. “Nós faremos um grande esforço para tentar saber o que aconteceu.”
Legisladores de ambos os lados da arena política americana expressaram preocupação – e até mesmo indignação – sobre a atitude positiva de Trump com Putin durante a entrevista coletiva dos dois na segunda-feira (16) após a reunião.
Os senadores democratas Richard Blumenthal e Jeanne Shaheen também pediram que a tradutora testemunhe. Shaheen disse que a audiência pode ajudar os legisladores e o povo americano a “determinar o que foi especificamente discutido e acordado em nome dos Estados Unidos”.
O presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Bob Corker, disse que entende o pedido e está “analisando o precedente” para ver se é viável.
É bastante provável que a Casa Branca derrube o pedido e invoque a prerrogativa executiva, argumentando que nenhum presidente é obrigado a revelar conversas privadas e que um assessor, como um tradutor, também não deve ser forçado a fazê-lo.
As associações de tradutores costumam seguir um código de ética que prevê a confidencialidade com seus clientes, recusando-se a revelar os temas ou assuntos discutidos durante suas traduções.
“Eles não são políticos. Eles são, em alguns casos, pessoas contratadas”, disse Corker a repórteres. “E se você começar a fazer esse tipo de coisa, no futuro qualquer nota poderá ser pega?”
Corker disse que uma opção melhor seria convocar o secretário de Estado, Mike Pompeo, que esteve em Helsinque com Trump e provavelmente foi informado pelo presidente sobre suas discussões com Putin. Pompeo deve depor na comissão no dia 25 de julho.
Quem é a tradutora de Trump?
A única pessoa da comitiva americana presente durante a reunião entre Trump e Putin em Helsinque era a tradutora do republicano, Marina Gross. Ela trabalha para o Departamento de Estado e pode ser vista nas fotos tiradas durante o encontro.
Gross desempenha a função de tradutora do governo americano há anos. Em 2008, acompanhou a ex-primeira-dama Laura Bush a Sochi, na Rússia, como sua intérprete. Ela também auxiliou o ex-secretário de Estado Rex Tillerson durante sua visita a Moscou em abril de 2017.
(Com AFP)